As duas versões de “Evil Dead – A Morte do Demônio” exemplificam bem as mudanças que o gênero do terror passou nos cinemas. Na década de 80, quando o original foi lançado, o pudor passava à margem dos realizadores, o que permitia experimentações, um ar de descontração e um certo toque autoral (neste caso, trash). Atualmente, a padronização destas obras faz com que os filmes possuam uma cara previsível, muitas vezes, se equivalendo, o que deixa todos praticamente iguais. Tal fato mostra a diferença para o já clássico longa de estreia de Sam Raimi (“O Homem-Aranha”) e esta sem-graça película do também estreante Fede Alvarez.
Mesmo com o ponto de partida idêntico ser dos mais simples (grupo de jovens vai para uma casa no meio da floresta, onde um ser demôniaco invade o corpo deles), o resultado é extremamente oposto. Raimi conseguia emprestar o tom de bobagem exato para a obra, com atores canastrões vivendo personagens tolos, sangue e monstros mais do que artificiais e sustos que misturavam terror e humor, apoiado em uma trilha sonora exagerada.
No remake, Alvarez, responsável também pelo roteiro, erra justamente ao tentar extrair algo um pouco mais denso, criando uma ‘mitologia’ sobre o tal demônio e um arco dramático desnecessário. O prólogo inicial é daquelas tolices que matam os filmes de terror atuais. Pra quê raios precisamos saber que o capeta já havia incorporado anteriormente em outras pessoas, em séculos passados, se isso não acrescenta absolutamente nada a história? Tudo o que é mostrado ali, tira o impacto sobre o que virá depois, pois, além de sabermos o que será preciso para deter a vilã, vimos a cara dela com menos de cinco minutos de filme.
Já a história dos personagens é de uma pobreza e inutilidade como qualquer outra das obras recentes do gênero. Do que interessa saber que a Mia (Jane Levy) está no local para se tratar contra as drogas se dali a 10 minutos ela vai virar o demônio? Ou a preocupação do irmão-galã (Shiloh Fernandez) com a pobrezinha se ele será o tonto que vai fazer tudo errado e ainda vão tentar fazê-lo sair como herói? Isso para não falar da namorada dele, “interpretada” por Elizabeth Blackmore, presente apenas para cumprir a cota das gostosas.
Tudo isso, porém, seria compensado se Alvarez conseguisse criar bons sustos e sequência de terror dignas. Afinal, estamos ali para isso e não para uma trama à la Haneke ou Von Trier, fato explicitado no título do filme. Porém, caso você seja muito assustado ou esteja assistindo os primeiros filmes do gênero na vida, este “A Morte do Demônio” falha miseravelmente.
O cineasta nascido no Uruguai é da turma de diretores da atual geração que parou no susto da cortina e na virada de câmera rápida. Se tivesse visto o original, teria compreendido que a ambientação do local onde se passa a trama e ter calma no desenvolvimento da sequência, trabalhando-a até um ponto de tensão insuportável são mais eficientes do que rios de sangue despejados a cada joelho ou cabeça decepadas.
O novo “A Morte do Demônio” seguirá para o rumo da obscuridade que marcam tantas obras de terror moldadas pelos estúdios de Hollywood para faturar uma graninha, sem responsabilidade com qualquer outra coisa. Pior é que o grande público caía de modo tão passivo perante estas obras lamentáveis e dêem uma bela bilheteria, permitindo continuações.
Enquanto isso, o filme de Raimi, além de revelar um dos melhores cineastas americanos das últimas décadas, continua sendo um grande filme de terror trash.
Por que será?
NOTA: 5.5
Bom o gênero terror pode ter sido afetado ao longo dos anos, mas vinde que mesmo sendo um remake , ainda sim provoca a mesma sensação de medo/riso nervoso e mesmo com os efeitos toscos do primeiro , este fica a altura do primeiro , claro que o primeirão é clássico absoluto, mais quando fui ao cinema não procurei comparações , defeitos simplesmente embarquei na onda , o que não me faz de ser um passivo, o cara foi lá fez e acertou , quem sabe faz quem não sabe critica, e quem não sabe criticar fica na obscuridade.
PS: adoro filmes de terror toscos , como também de histórias fantásticas, saudades de John Carpenter entre outros…
Cara, de boa… chamar o “homem aranha” de longa classico e falar mal de evil dead independente da versão, é uma eresia.
Isso só demonstra que você não entende do genero terror. A meu ver, alvarez soube muito bem guiar a situação do “remake mais esperado da decada” (pelo menos por quem conhece e entende de terror).
Os rios de sangue por exemplo, são uma referencia ao proprio filme original e não uma coisa que nasceu da cabeça do diretor novo para compensar por outras coisas como você afirma.
Com certeza o filme não é tão bom quanto o original na originalidade, mas dai a falar que foi ruim é bem diferente. O filme foi ótimo, acredito que raimi teria feito exatamente igual se tivesse dinheiro naquela época.
Sua opinião, ótimo… Mas estude sobre o assunto antes de falar asneiras…
Visivelmente, você não trabalha bem com críticas de gêneros específicos do cinema, como slashers desse tipo. Concordo absolutamente com o fato de que esse “remake” (muito embora não o seja) peca sob inúmeras óticas distintas. Não obstante, sua análise superficial deixa de contemplar várias sagacidades de Alvarez na direção da película. Assistir ao primeiro filme e estereotipá-lo com um clássico, só porque hoje o Raimi é famoso, é fácil… Mais originalidade e profundidade numa crítica futura sobre o estilo em questão.
Bem, sinceramente acho que vc nao viu nada do filme, as interpretaçoes nao sao la grande coisa, mas dai dizer que ruim vc é um bosta nao sabe nem o que ta falando, todos os criticos elogiaram o filme so teve vc para dizer que e rui é filme de terror idiota!!!!
Ótimo texto, Caio. Tocou nos pontos devidos, e deixou claro que a passagem dos anos foi bastante prejudicial aos filmes de terror.
Pode até soar repetitivo, mas não me canso de me surpreender com a falta de capacidade (ou interesse) que pessoas como essas três que comentaram agora, tem de fazer uma simples interpretação de texto.
Além da recorrente necessidade de encontrar algo que satisfaça a sua opinião, emputecendo-se quando isso não acontece.
Povinho limitado…
Bem cada um tem sua opinião eu achei o filme muito bom teve as cenas em que o primeiro filme foi homenageado o tom ficou mais serio e dramatico tá ai um autêntico filme de terror.
Eu assisti a serie classica e sinceramente achei uma bosta o primeiro evil dead de 81 ate q e legal mas a partir do 2 e 3 vira uma completa comedia sem graça nenhuma, ja a versao de 2013 eu so nao gostei pq realmente o começo do filme acaba estragando todo o suspense do filme… mas apesar de tudo foi divertido a minha namorada fachava os olhos e estava quase vomitando no cinema valeu o meu ingresso…
Péssima resenha! Concordo com Cadu.
Se tudo o que você apontou como “Desnecessário” fosse retirado do filme ficaria uma obra sem pé nem cabeça, levando em consideração que a intenção deste não era um remake mas sim uma continuação onde Sam deixou livre para que Fede fizesse suas devidas alterações no roteiro.
Resumindo, você deveria fazer resenha para gibis e não para filmes como esse.
Sou interessada em filmes de terror principalmente no estilo trash, as refilmagens estão tirando um pouco da essencia dos antigos filmes, valorizando muito os efeitos especiais. A morte do demonio é um exemplo, mas para mim a refilmagem da Hora do Espanto foi muito triste… Gosto de sentir o filme e parece que as refilmagens não estão conseguindo repassar o que era realmente interessante, emocionante, sei lá o que faz queremos continuarmos a ve-lo.
Quando se lê comentários que contêm: ” pra quem realmente gosta do gênero”, “quem entende sobre cinema de verdade”, e coisas do tipo, podem desprezar que é zé mané que se acha Cult por ter lido alguma coisinha diferente, ou porque assistiu uns filminhos antigos…. é sempre a mesma receita, o cara vai falar vai falar sobre o gênero do filme, aí vai criticar alguma parte de um comentário alheio, vai usar alguma referência, vai falar algumas palavrinhas clichês utilizada no tipo de filme em questão, e depois acaba citando algum filme/diretor antigo…. esse pessoalzinho já é manjado… No mais, o cara do site fez uma bela e válida crítica.
Piada! A morte do demônio de 2013, foi uma das melhores coisas que aconteceu no terror! Junto a bruxa e invocação do mal, grandes revelações que satisfizeram e muito os fãs do gênero. Sua crítica me parece de alguém saudosista que só enxerga coisa boa no passado. Evil dead 2013 é um exemplo de como um remake supera a obra original. Evil dead do Sam é bizarro, trash, cômico de tão ruim. Já o de 2013 tem o ferro que gostamos, o gore, prende a atenção! Arrepia! A morte do demônio de 2013 é um dos meus favoritos! Terror como a maioria gosta.