O tão polêmico final da ficção científica “A Origem” ganhou uma explicação do diretor Christopher Nolan. Durante um discurso para formados na Universidade de Princeton nesta semana, o cineasta britânico acabou falando um pouco sobre o seu filme de 2010, e tocou no assunto da cena final do longa. Ele disse que essa cena inspirou mais perguntas dos seus fãs do que qualquer momento dos seus outros filmes.

A seguir, SPOILERS:

Na cena final de “A Origem”, o ladrão Cobb (interpretado por Leonardo DiCaprio) se reencontra com seus filhos, o seu objetivo durante todo o filme, enquanto seu totem – o pião giratório, feito para avisar o dono se ele está na realidade ou em algum nível de sonho – gira sobre a mesa. Aparentemente, justo quando o totem está para parar de girar e cair, ocorre o fade-in e os créditos se iniciam.

Nolan explicou que viu o conceito de realidade no filme – assim como vê a vida real – como inteiramente subjetivo. Então o protagonista do filme não espera para ver o seu totem porque ele não se importa mais em distinguir entre a realidade e seu sonho.

“Do jeito que o final do filme funciona, Cobb se encontra com seus filhos, ele estava na sua própria realidade subjetiva”, disse o cineasta. “Ele não se importava mais, e isso serve como uma declaração: talvez todos os níveis de realidade sejam válidos”.

Nolan usou o pião para estabelecer que a realidade e os sonhos não existem em isolamento um do outro. No seu discurso, ele falou: “Na grande tradição desses discursos [para os formados], geralmente alguém diz algo como ‘vá em busca dos seus sonhos’, mas não quero lhes dizer isso porque não acredito nisso. Quero que vocês vão em busca da sua realidade”.

E completou: “Com o tempo começamos a ver a realidade como o primo pobre dos sonhos, de certo modo… Quero defender o caso de que, todos os nossos sonhos, nossas realidades virtuais, essas abstrações com as quais nos divertimos e nos cercamos, eles são subconjuntos da realidade”.