Imagens da Amazônia sempre impressionam. Tudo é tão grande, vasto e cheio de vida que o ser humano não consegue evitar sentir um assombro em relação à floresta, que corresponde a 60% do território nacional e apresenta a maior bacia hidrográfica do mundo.

Apesar da sua pequenez em relação à floresta, o homem sempre ocupou a Amazônia de uma forma ou de outra. A atividade humana na Amazônia é o tema principal do documentário em longa metragem Amazônia Eterna, dirigido por Belisario Franca e realizado pela produtora Giros e Agência Tudo. É um filme tecnicamente brilhante e de imagens estonteantes que exploram a beleza e a magnitude da floresta amazônica, e que foi rodado em cinco Estados: Amazonas, Pará, Mato Grosso, Amapá e Rio de Janeiro.

O filme enfoca diversos projetos de manejo e desenvolvimento sustentável na Amazônia, sempre mostrando que é possível ocupar e explorar a floresta de maneira inteligente e economicamente viável. Ao longo da projeção, vemos projetos de extração da madeira, atividade pesqueira, pecuária e também de ensino à distância. E em meio a todas essas atividades, é constante a presença humana, subsistindo em meio à mata.

São mostradas diversas comunidades amazônicas, como por exemplo, os indígenas vivendo no parque do Xingu e uma comunidade japonesa vivendo em Tomé-Açu, no Pará. Ao contrário do que se poderia pensar, isso não é mostrado de maneira negativa – uma das pesquisadoras entrevistadas afirma que as populações ajudam a conservar a floresta.

Claro, o filme não deixa de mencionar que essas iniciativas bem sucedidas convivem dentro da Amazônia com desmatamentos ilegais e atividades pecuárias destrutivas e de baixo rendimento. Porém, economistas e ambientalistas entrevistados sempre deixam claro como essas são formas pouco inteligentes de explorar a floresta, especialmente do ponto de vista econômico. Eles também ressaltam a importância do ecossistema amazônico para o mundo – especialmente pela sua atividade de sequestro de carbono, afinal caso a Amazônia fosse derrubada todo o CO2 proveniente nela iria contribuir devastadoramente para o aquecimento global.

Porém, em meio a todas essas informações e contextualizações, são as imagens poderosas do documentário que fazem o espectador compreender as reais dimensões das questões propostas pelos entrevistados. A produção do documentário capta imagens aéreas e subaquáticas impressionantes, capazes de mostrar a natureza no seu esplendor. São imagens que realmente transmitem a ideia de um paraíso ainda relativamente intocado.

Amazônia Eterna conclui apontando reflexões para o futuro da região. Futuro este que dependerá da racionalidade humana: se há algo que os projetos enfocados no filme demonstram, é de que é possível a convivência entre Homem e floresta, de modo que seja benéfico a ambos. Isso faz do documentário uma obra que vê o estado atual da Amazônia com cautela, mas também com uma inegável esperança.

Nota: 7,0