Coincidência esse “Arranha-Céu: Coragem sem limite” estrear no período em que Duro de Matar, um dos maiores filmes de ação de todos os tempos, completa 30 anos. Não somente o filme pega a sinopse do filme estrelado por Bruce Willis e toma pra si, como faz referências diretas ao clássico de John McTiernan.

Acompanhamos Will Sawyer (Dwayne Johnson), um ex-soldado que trabalha como consultor de segurança após perder uma perna durante um incidente. Em seu atual trabalho, Sawyer é contratado para avaliar o sistema de segurança do maior prédio do mundo recém inaugurado. Para tanto, ele se muda para o prédio com a esposa e filhos. O que ele não sabe é que está prestes a cair em uma armadilha: o local é invadido por criminosos que literalmente botam fogo no local. Com a família correndo perigo, ele precisa correr para salvá-la e escapar dos criminosos.

Provavelmente tudo que você vê em “Arranha-Céu”, você já viu em algum lugar. O diretor Rawson Marshall Thurber dirige um filme com um amontoado de clichês e situações que não precisam pensar muito para serem desvendadas.

 

Personagens com atitudes suspeitas, traições, vilão caricato e sotaque, situações aparentemente fora do contexto que depois fazem rima narrativa: está tudo lá. Dwayne Johnson não parece se envergonhar e com seu carisma e presença cênica não faz feio e carrega o filme com tranquilidade. Agora se a ideia de tirar sua perna for para trazer uma fragilidade para o personagem, não acredito que essa tenha sido uma boa ideia: o cara mesmo sem perna faz valer a alcunha de The Rock.

Construído de maneira bem sistemática, “Arranha-Céu” carrega uma espécie de reality show dele mesmo: o decorrer da história é exibido pontualmente em um telão em frente ao prédio, onde a população assiste incrédula as peripécias do protagonista. O filme até tem chance de brincar com vertigem ou com a fobia das grandes alturas, mas não aproveita bem a chance e não incomoda tanto como poderia. Agora, não deixa de ser legal vermos que Sarah (Neve Campbell) não é apenas a esposa em perigo. Lutadora, chega a trocar socos com os bandidos e protagonizar alguns poucos bons momentos.

Mas, é uma pena vermos um talentoso Pablo Schereiber ser desperdiçado em um papel tão manjado. Sem surpresa nenhuma, é bater o olho e sacar que tem caroço no angu. Depois de “Covil de Ladrões” com Gerard Butler, que copia outro clássico, mas do gênero policial (“Fogo Contra Fogo”), espero que ele escolha melhor seus futuros projetos e saia dessa zona genérica.

Despretensioso, com algumas cenas divertidas, “Arranha-Céu: Coragem sem Limite” é uma aventura sem o brilho de seu material de inspiração, mas entretém sem problemas. Assim que você sai do cinema e descarta o saco de pipoca, o filme também vai junto.

 

Com esse filme, Dwayne Johnson pode se consolidar como o astro de ação dos filmes divertidos, porém irrelevantes. Parece que ele não liga no fim das contas.