O diretor de cinema Quentin Tarantino vê a bandeira confederada “como a suástica” dos Estados Unidos e declarou, em entrevista publicada neste sábado (2) pelo jornal britânico “The Telegraph”, que “já era hora” que seu país a questionasse.

O cineasta, que apresentou no Reino Unido seu novo filme, “Os oito odiados”, destacou que o filme, ambientado após a guerra civil americana (1861-1865), se tornou “mais oportuno” pelos recentes episódios de tensão racial nos EUA.

“À medida que estávamos filmando e os eventos do último ano e meio passado foram ocorrendo, o filme se tornou mais oportuno do que jamais teríamos imaginado”, comentou.

Tarantino se referia à morte em agosto de 2014 de Michael Brown, jovem negro de 18 anos, por disparos de um policial branco em Ferguson, e ao assassinato de nove membros de uma comunidade religiosa afro-americana no último mês de junho em Charleston, por um supremacista branco.

O autor do massacre, Dylann Roof, de 17 anos, tinha posado com uma bandeira dos Estados Confederados da América, que identifica os estados do sul que durante a guerra civil tinham escravos e lutaram sem sucesso pela secessão.

“De repente as pessoas começaram a falar da confederação americana de um modo inédito. Eu sempre considerei a bandeira rebelde como uma suástica americana, e de repente as pessoas estavam falando disso, e agora a estão proibindo”, destacou.

“Já era hora, se você quer saber minha opinião”, acrescentou o diretor.

Em outro momento da entrevista, o cineasta, cujas obras costumam incluir violência explícita, rejeita uma relação direta entre os filmes violentos e a violência na sociedade.

“Nos últimos 25 anos, se falamos das sociedades industrializadas, o cinema mais violento que existe é o do Japão, e, como sabemos, eles têm a sociedade menos violenta de todas”, argumentou.

da Agência EFE