“Avatar” e “Star Wars – O Despertar da Força” estão em uma disputa intensa na briga pelo posto da maior bilheteria da história do cinema. O filme de James Cameron arrecadou US$ 2,7 bilhões ao redor do planeta, enquanto o sétimo episódio da saga criada por George Lucas está na casa dos US$ 1,7 bilhão.

Ok, muito se fala de dinheiro, mas e a qualidade desses projetos?

Bem, o Cine Set chamou seus oito críticos para, cada um, analisar qual dos dois filmes é o melhor.

Sejam bem-vindos para a primeira Batalha de Filmes: “Avatar” x “Star Wars – O Despertar da Força”!


Caio Pimenta

Bilhões de dólares à parte, “Avatar” e “Star Wars – O Despertar da Força” são dois filmes que cumprem suas respectivas funções de maneira correta, longe, porém, de serem brilhantes.

James Cameron aproveitou o desenvolvimento da tecnologia com um espetacular CGI para fazer ressurgir o 3D nos cinemas. “Avatar”, entretanto, sofre pela falta de protagonistas carismáticos como acontecia em “Titanic” e uma história boa igual a “O Exterminador do Futuro 2” Sobra efeitos, falta emoção.

“Star Wars – O Despertar da Força” vai onde mais toca o fãs da saga: a nostalgia. Para tanto, o filme chega a apelar na mistura de elementos de “Uma Nova Esperança” e “O Império Contra-Ataca” (disparados os dois melhores da franquia) sendo antenado com o discurso de diversidade da atualidade ao colocar uma mulher e um negro como protagonista (algo positivo, antes que me entendam mal). É um requentado sem personalidade muito bem conduzido por J.J. Abrams.

Para não terminar empatado essa batalha de filmes superestimados, fico com “Avatar” apenas pelo fato de ter tentado buscar criar um universo novo enquanto o novo “Star Wars” foi beber da fonte do passado pura e simplesmente.

Vencedor: Avatar


Camila Henriques

Ainda que os efeitos e o design de produção de “Avatar” saltem aos olhos, “O Despertar da Força” tem isso e o grande trunfo da nostalgia. James Cameron nos entregou um filme cheio de referências e perfeito para o 3D, mas a história um tanto rasa faz a ideia de uma sequência parecer um caça-níquel. Já J.J. Abrams tocou fundo no coração de quem ama a saga dos Skywalker.

Com personagens icônicos, novas e bem-vindas adições de protagonistas negro e mulher, e um vilão para Darth Vader nenhum botar defeito, fazendo a espera pelos próximos filmes ser dolorosamente lenta.

Vencedor: Star Wars – O Despertar da Força


Danilo Areosa

Admiro James Cameron pela forma como ele transformou o cinema em um espetáculo visual. “Avatar” é, sem dúvida, o seu maior passo, uma experiência visual e sensorial que poucos cineastas oferecem, graças às imagens marcantes que realmente empolgam, mas que acabam se sobrepondo ao texto simplista, o verdadeiro calcanhar de aquiles do filme.

Por sua vez, “O Despertar da Força” não tem o mesmo impacto visual do primeiro, ainda que seja visualmente criativo. Mas Abrams capricha sem medo na nostalgia e na passionalidade mística da série, equilibrando a construção dos personagens com seus dilemas morais.

Em outras palavras, “Avatar” é aquela bela imagem ou paisagem que te enche os olhos, enquanto “O Despertar da Força” é a sensação que esta visão provoca e que te leva a imaginar o que existe por detrás dela, seus reais significados. Por isso, Mr. Cameron me perdoe, mas terei que escolher o “Despertar” por ser um fã assumido das obras que estimulam a imaginação.

Vencedor: Star Wars – O Despertar da Força

Gabriel Oliveira

Apesar dos rios de dinheiro que James Cameron fez com “Avatar”, o filme vai pouco além de um bom entretenimento: visual, 3D e efeitos excelentes, mas um roteiro onde falta originalidade (o que rendeu inclusive comparações a “Dança com Lobos” e até “Pocahontas” na época), um protagonista insosso e um impacto cultural reduzido apenas à enxurrada de produções 3D caça-níqueis que vimos desde então.

A longo prazo, quase ninguém se lembra ou sente falta de “Avatar”, apesar das tais sequências tão prometidas por Cameron, que, mais de cinco anos depois, ainda não vingaram. J.J. Abrams, por outro lado, assumiu a responsabilidade de revitalizar uma franquia icônica para uma velha e uma nova geração (trabalho arriscado, especialmente depois das prequels), conseguindo misturar elementos clássicos e novos personagens na dose exata, em um filme que apela para nossa nostalgia, um senso de empolgação quase infantil e o trunfo da representatividade – e acerta em cheio.

Vencedor: Star Wars – O Despertar da Força

Ivanildo Pereira

Fazer uma comparação entre esses dois filmes é estranho, até porque eles possuem algumas características em comum. Ambos foram acusados de possuírem histórias derivativas – Star Wars teria chupado a estrutura do filme original de George Lucas e Avatar, bem… chupou a mesma história de Dança com Lobos, Último Samurai, Thundercats (brincadeira). Ambos são espetáculos para divertir e alcançam seus objetivos.

James Cameron, na minha opinião, é muito mais diretor que J.J. Abrams, e sua apresentação é mais épica, embora também seja meio boba, em alguns momentos – mas todos os filmes dele tem seus momentos bobos, não é? Porém, de certa forma, o filme de Abrams tinha um desafio maior, o de trazer de volta o público à galáxia que George Lucas deixou em mau estado, e conseguiu isso com louvor.

Recriar a magia de Star Wars, mesmo com a estrutura reciclada (o que não é problema, a meu ver), não é tarefa para qualquer um, por isso, dentre os dois filmes, fico com O Despertar da Força.

Vencedor: Star Wars – O Despertar da Força


Lucas Jardim

Lembra daquela conversa de que não falaríamos sobre “Boyhood” se ele não tivesse sido feito em 12 anos? Bom, aqui vai: estaríamos falando de “Avatar” se ele não tivesse sido feito com aquele CGI todo e em 3D?

É inegável o mérito mercadológico que ele representou e os estúdios até agora estão comemorando o fato d’ele ter acontecido: quando se trata de cinema mainstream hoje, até a animação mais furreca tem sua versão em 3D lançada para abocanhar um pouco mais de bilheteria.

Trazer de volta o 3D (ele já existia antes, gente) para as plateias, no entanto, não é algo que compensa o roteiro regurgitado à la Pocahontas-encontra-Matrix. “Star Wars – O Despertar da Força” é a prova viva de que um roteiro não precisa romper paradigmas para levar a um bom filme.

Essencialmente um remake de “Uma Nova Esperança” com elementos de “O Império Contra-Ataca”, o filme está lotado de situações que nós já vimos antes, mas é feito com tamanho vigor e sinceridade por todos os envolvidos que funciona.

“Star Wars” toca todos os pontos emocionais que deveria tocar, enquanto “Avatar”, bem, é só realidade virtual mesmo.

Vencedor: Star Wars – O Despertar da Força


Renildo Rodrigues

“Star Wars”, reboot, ou “Avatar”, redux?

A bem da verdade, são duas incursões calculadíssimas num gênero que é a cara e o coração da cultura geek: o filme de fantasia com verniz de ficção científica. “Star Wars” pode falar mais ao coração, mas sai numa vantagem desleal contra o longa de Cameron: seu universo é uma presença resiliente na cultura pop planetária há uns 40 anos, enquanto a turma de Pandora mal bateu à porta. Gostei do novo filme de J.J. Abrams, mas acho, francamente, que são dois roteiros bastante previsíveis, mesmo que o Kylo Ren de “O Despertar da Força” seja um vilão melhor.

Mas – tcharã! – fico com “Avatar”, porque acredito, mesmo, que o filme de James Cameron seja uma das experiências visuais mais interessantes que Hollywood produziu em um bom tempo, e que o diretor, calculista e mercenário como possa parecer, ainda é mais empolgante que o prodígio de “Lost”.

E tenho dito.

Vencedor: “Avatar”


Susy Freitas

“Avatar” foi lançado num momento de alinhamento cósmico favorável para o sucesso de público. Isso e a publicidade investida no filme são as explicações mais simplistas para a marca de bilheteria alcançada, uma vez que o filme não deriva de obra prévia, nunca possuiu base sólida de fãs e não representou nenhuma grande mudança na história do cinema para além de aspectos técnicos.

É o extremo oposto da franquia “Star Wars”, que trouxe uma nova gama de efeitos especiais, mas também reviveu o gênero de ficção científica, colocou-o na fogueira como algo rentável à indústria, reconfigurou a jornada de herói, ajudou a criar o conceito de narrativa transmidiática a partir da expansão do universo da trama para livros, quadrinhos, animações, etc. e impulsionou a cultura participativa em geral a partir do engajamento dos fãs, além de ser, simplesmente, divertido de ver.

“Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força” tomou a seu favor esse background, aprendendo com os erros das prequels e celebrando os acertos técnicos e criativos da trilogia original, adicionando a isso uma melhor direção de atores. Resultado: um filme que os fãs lembrarão até mais que dos episódios I e II, com certeza, e um filme gostoso de ver para uma pessoa não necessariamente fã da saga.

Por esses motivos, a briga pelos recordes de bilheteria entre “Avatar” e “Star Wars: Episódio VII – O Despertar da Força” é o que menos importa; já sabemos que filme é mais significativo culturalmente, quer sejamos fãs ou não.

Vencedor: Star Wars – O Despertar da Força

RESULTADO FINAL

Star Wars – O Despertar da Força 6 X 2 Avatar