O cinema brasileiro se aproxima um pouco mais esta semana do público iraniano em um festival pioneiro, que vai exibir várias obras atuais e premiadas em três cidades do país simultaneamente.

A “Semana do Cinema Brasileiro”, que acontece até a próxima sexta-feira em Teerã, Isfahan e Xiraz, inclui quatro filmes de ficção, um documentário, uma coletânea de curtas e uma animação. Todos terão legendas em farsi e inglês.

Além das projeções, serão oferecidas oficinas sobre o cinema brasileiro e acontecerão eventos com o cineasta carioca Roberto Berliner e os diretores iranianos Shahram Mokri, Mohsen Amiryoussefi e Behtash Sanaeha.

De acordo com Berliner, há elementos parecidos entre as indústrias cinematográficas iraniana e brasileira, que trabalham com a “temática social e a poesia”, permeadas por baixos orçamentos.

“O cinema iraniano que nós conhecemos é muito parecido com o que me interessa no Brasil. Acredito que bebemos da mesma fonte: do neorrealismo italiano e da nouvelle vague francesa”, indicou.

Dirigido por Berliner, “Nise – O Coração da Loucura” (2015) teve ótima recepção entre o público do festival. Outros longas previstos para a semana são “Entre Vales” (2012), do também carioca Philippe Barcinski; “Sudoeste” (2011), do niteroiense Eduardo Nunes; e “Cinema, Aspirinas e Urubus” (2005), do pernambucano Marcelo Gomes.

Esta é a primeira iniciativa do tipo da embaixada do Brasil em Teerã. Em 2014, a delegação chegou a fazer uma semana cultural, com a exibição de três filmes, mas esta é a primeira vez em que um cineasta brasileiro participa. Este resultado é fruto de oito meses de trabalho e da parceria entre a embaixada brasileira e a organização iraniana Art & Experience Cinema.

“É um festival importante e acredito que vamos conseguir um bom resultado”, disse à Efe o embaixador brasileiro, Rodrigo de Azeredo Santos, na abertura da mostra.

O diplomata indicou que Brasil e Irã já têm uma relação econômica e política “muito importante”, mas “faltava interação cultural”.

“Acreditamos que essa é a melhor maneira de informar sobre a cultura e a sociedade do Brasil”, acrescentou Santos, que adiantou o desejo de organizar ações como esta com mais frequência e fazer coproduções com o Irã.

O Irã costuma ter festivais de cinema com filmes estrangeiros, mas uma iniciativa independente desse porte não é habitual por causa da censura no país.

da Agência EFE