Como um bom e tradicional gentleman britânico, charme e elegância aparentemente são palavras-chave para caracterizar Colin Firth, o cinquentão que faz muita gente suspirar com seu característico sotaque. Ele é parte do chamado “Brit Pack”, termo utilizado para se referir ao grupo de atores ingleses que emergiram no fim dos anos 80 e aos poucos ganharam proeminência em Hollywood, como Daniel Day-Lewis, Tim Roth e Gary Oldman.

No caso de Firth, a fama só veio mesmo em 1995, quando ele interpretou Mr. Darcy na adaptação televisiva de Orgulho e Preconceito, em uma minissérie de seis episódios da BBC. A partir daí, o ator foi ganhando espaço como coadjuvante em filmes como O Paciente Inglês e Shakespeare Apaixonado – e conquistando o coração do público em suas frequentes aparições em comédias românticas, como O Diário de Bridget Jones e Simplesmente Amor. Desde então, Colin Firth já ganhou seu primeiro Oscar, virou ícone do cinema britânico e, embora com uma filmografia recheada de títulos questionáveis (todo mundo precisa pagar as contas), entregou grandes atuações que você confere logo a seguir. Atualmente, ele vive seu primeiro herói de ação nas telonas em Kingsman: Serviço Secreto.

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5. Memórias de Um Espião (1984)

Firth começou a carreira profissional no papel de Guy Bennett, protagonista da peça Another Country, de Julian Mitchell. Na adaptação cinematográfica dirigida por Marek Kanievska, no entanto, Bennet foi interpretado por Rupert Everett, e Firth ficou com o papel secundário de Tommy Judd, outro dos estudantes de um internato inglês dos anos 30. Judd é um marxista que, durante a convivência dos alunos na instituição, constantemente questiona a repressão da escola e a estrutura de classes da Inglaterra. O personagem poderia ser simplesmente um intelectual insuportável, mas Firth lhe traz profundidade em uma de suas primeiras atuações no cinema.

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4. O Diário de Bridget Jones (2001)

Quem acreditaria que Bridget Jones rendeu até uma indicação ao BAFTA de ator coadjuvante para Colin Firth? Verdade seja dita, a comédia romântica estrelada por Renée Zellweger é um divertido exemplar do gênero. O personagem de Mark Darcy, à primeira vista, não é um dos mais críveis, e seria difícil vê-lo como o homem irresistível que conquista a protagonista. No entanto, Firth se sai bem justamente por equilibrar a seriedade aparentemente implacável do advogado com doses de timidez, charme e sinceridade típicos de sua galeria de personagens.

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3. Valmont – Uma História de Seduções (1989)

A versão de Milos Forman para o clássico da literatura Ligações Perigosas, de Choderlos de Laclos, saiu apenas um ano depois da mais conhecida adaptação de Stephen Frears. No lugar de Glenn Close como a Marquesa de Merteuil, entra Annette Bening, numa atuação carregada de cinismo. A atriz poderia facilmente ofuscar todo o restante do elenco, se não fosse por Colin Firth (com uma cara de bem novinho) conseguir se destacar à altura como o personagem-título, o Visconde de Valmont. Firth transpira charme no papel como o aristocrata sedutor e hedonista, e sua dinâmica em cena com Bening é sempre deliciosa de se ver.

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2. O Discurso do Rei (2010)

Birras à parte por ter visto O Discurso do Rei abocanhar tantos prêmios não-merecidos num ano em que tivemos A Rede Social, é preciso reconhecer que Colin Firth faz um excelente trabalho no filme. O ator foge da obviedade que o feel good movie de superação de Tom Hooper parece tanto almejar, ao ser capaz de dar verdadeiras camadas ao Rei George VI e seu drama com a gagueira. Também beneficiado por seus colegas de cena, Helena Bonham Carter e Geoffrey Rush, Firth se sobressai e, com um grande trabalho, dá dignidade a um filme que, do contrário, cairia facilmente na mediocridade.

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1. Direito de Amar (2009)

Apesar do título brega que ganhou em português (favor não confundir com a novela da Globo de 1987 com nossa querida Glorinha Pires), Direito de Amar é um filme sensível e contundente, e que conta com a maior interpretação até então da carreira de Colin Firth. No longa de estreia do estilista Tom Ford, Firth vive George Falconer, um professor homossexual que sofre o luto por ter perdido seu companheiro em um acidente de carro. Em apenas um dia de sua vida, acompanhamos o protagonista flertar com a ideia de suicídio e colocar seus negócios em ordem.

A atuação de Firth é essencial para marcar Falconer como um homem melancólico, que aos poucos redescobre sensações que julgava esquecidas, mas se vê sempre perseguido pelo passado. A cena em que o personagem recebe a notícia da morte de seu parceiro (vivido por Matthew Goode), por exemplo, é um show de sutileza graças aos olhares e às mudanças de voz do ator. Com certeza um trabalho que vale a pena ser visto.

O pior:

Mamma Mia!
(2008)

Eu adoro musicais. Eu adoro Meryl Streep. Eu adoro ABBA. Ouvir Gimme! Gimme! Gimme! (A Man After Midnight) já me dá vontade de gritar “minha música!” e ir pro meio da pista de dança passar por sérios constrangimentos. E, ainda assim, provavelmente eu não me sentiria tão constrangido quanto parece o elenco de Mamma Mia!. O roteiro fraco, com personagens sem apelo e apresentações musicais que ficam devendo (e muito) ao legado da banda sueca, acaba motivando atuações tão aquém quanto o filme em si. Colin Firth até que tem uma voz bem melhorzinha que a de Pierce Brosnan, pelo menos, mas é praticamente impossível para ele dar dimensão ao seu personagem. O resultado é um trabalho bem abaixo da média do ator, que sai mais prejudicado ainda por conta de viradas estapafúrdias e novelescas que não fazem sentido nenhum na história.

P.S.: Um Golpe Perfeito, com Cameron Diaz no elenco, é outro que parece ser forte candidato a ocupar essa posição na lista. Pena (ou não) que acabei não assistindo-o a tempo.