Bons atores e diretores deveriam relaxar apenas quando envelhecessem, depois de terem feito inúmeros trabalhos memoráveis.

Enquanto tiverem energia, tratem de trabalhar!

Infelizmente, alguns atores que possuem talento, além da simpatia do grande público, têm se especializado em fazer filme medíocres, ruins ou, o pior de tudo, esquecíveis.

Há também os diretores que conseguiram se apagar de tal maneira que fica até difícil recordar quais foram os bons trabalhos do sujeito.

Motivos para essas quedas variam: ego maior que o bom senso, acomodação após vitória no Oscar, apostas furadas, surgimento de novos astros, problemas familiares, entre outros.

A lista não inclui nomes como, por exemplo, Harrison Ford e Nicolas Cage, que enfrentam um momento singular em suas carreiras, causando esse momento terrível pelo qual passam.

Também não coloco astros como Morgan Freeman, Robert De Niro, Al Pacino e Diane Keaton, pois acredito que estes têm uma longa trajetória e, depois de um tempo, dão uma relaxada natural.

Os cinco nomes que verão a seguir decepcionaram muito nesses últimos dez anos, sendo que poderiam ter feito muito mais:

Adrien Brody

Adrien Brody

Olhar para esse nova-iorquino de 38 anos é ver a imagem de Wladyslaw Szpilman, o sofrido protagonista de “O Pianista”, clássico de Roman Polanski. Não há como desassociar os dois.

Porém, Brody não soube se desvencilhar do personagem, apostando em uma série de filmes em que seus papéis eram apagados, vide “King Kong” (desde 1932, na primeira versão do longa, que os únicos que interessam na trama é o gorila e a mocinha).

Além disso, estrelou os apagados “Camisa de Força”, “Splice – A Nova Espécie” e até mesmo a nova versão de “Predadores”.

Entre seus melhores papéis estão o esquisito Noah Percy no fraco “A Vila” (2004) e a ponta que faz como Salvador Dalí em “Meia-Noite em Paris” (2011).

Lamentável ver que após uma atuação fantástica que lhe rendeu o Oscar de melhor ator há nove anos, Brody hoje seja apenas um ator de carreira irregular.

Maiores erros desde “O Pianista”:

– “Camisa de Força”, de 2005

– “Splice – A Nova Espécie”, de 2009

– “Predadores”, de 2010

Filmes esquecíveis desde “O Pianista”:

– “Manolete”, de 2007

– “Cadillac Records”, de 2008

– “Giallo – Reféns do Medo”, 2009

– “Detenção”, de 2010

– “Armadilha do Destino”, de 2011

Boas atuações desde “O Pianista”:

– “A Vila”, de 2004

– “Meia-Noite em Paris”, de 2011

Denzel Washington

Denzel Washington

Carisma, elegância, credibilidade e talento.

Reunir tudo isso em um ator é um dom raro, algo que faz o público comparecer em todo filme que o cidadão lança, além de ser aquilo que produtores e estúdios de Hollywood amam, pois são sinônimos (quase sempre) de boas bilheterias.

Denzel Washington é um desses casos. Com quase trinta anos de carreira, o astro possui uma filmografia sólida, com personagens marcantes em filmes importantes para sua época (“Malcolm X”, o maior deles). A cara de bom-moço e a força que apresenta o transformaram em um símbolo da cultura negra americana e exemplo a ser seguido.

Apesar de ter vencido um Oscar de ator coadjuvante em 1989 por “Tempo de Glória”, a consagração veio em 2001 com “Dia de Treinamento”, quando levou a estatueta de melhor ator.

Pois bem…

O que faz um cara desses querer ser o Bruce Willis do século XXI?

Parece sacanagem, mas Denzel depois que ganhou o Oscar em 2002 decidiu dedicar sua carreira a fazer filmes de ação de roteiros com criatividade zero.

Foram, ao todo, sete obras do gênero que se passarem no Telecine Action ou HBO’s da vida você vai querer ficar tentando lembrar o nome (e dificilmente vai lembrar).

Na maior parte destes filmes, o astro procura sempre dar uma humanizada nos personagens, tentando transformá-los em criaturas sempre doces e sensíveis, mesmo os mais durões. “Chamas da Vingança” e o recente “Protegendo o Inimigo” são bons exemplos.

Tomara que ele volte o mais rápido a fazer um filme relevante, porque tá duro!

Maiores erros desde “Dia de Treinamento”:

– “Por um Triz”, de 2003

– “Chamas da Vingança”, de 2004

– “Protegendo o Inimigo”, de 2012

Filmes esquecíveis desde “Dia de Treinamento”:

– “Um Ato de Coragem”, de 2002

– “Déjà Vu”, de 2006

– “O Sequestro do Metrô”, de 2009

– “O Livro de Eli”, de 2010

– “Incontrolável”, de 2010

Boas atuações desde “Dia de Treinamento”:

– “O Plano Perfeito”, de 2006

– “O Gângster”, de 2007

Nicole Kidman

Nicole Kidman

Tentar é benéfico para o ser humano, assim como errar. Os dois geram aprendizado e nos levam a não repeti-los.

A ex-esposa de Tom Cruise pode dizer que se encaixa bem nessa história de tentar e errar. Porém, essa segunda parte do parágrafo ainda não foi assimilada tão bem assim pela beldade.

Kidman, no início deste século, era o que Kate Winslet é atualmente: a maior atriz do momento, realizando obras de extrema qualidade ano após ano e mostrando ser bastante talentosa.

Não é à toa que realizou novos clássicos como o musical “Moulin Rouge”, o terror “Os Outros” e o último filme de Stanley Kubrick, “De Olhos Bem Fechados”, no qual é a uma das poucas boas coisas desta irregular obra.

O último grande filme dela foi o espetacular “Dogville”, obra experimental do controverso Lars Von Trier.

Dali em diante, foi uma sucessão de equívocos. Porém, muitas vezes, não por preguiça ou comodismo e sim por tentar acertar.

Como prever que um suspense como “A Intérprete” com Sean Penn e rodado dentro da sede da ONU poderia ser recebido tão friamente?

Como adivinhar que “Austrália” teria uma direção tão afetada e perturbada por Baz Luhrmann a ponto dele estragar o épico?

Como acreditar que um filme como “Nine” com gigantes do porte como Daniel Day-Lewis, Sophia Loren, Penélope Cruz, Judi Dench seria a bomba que foi?

Como saber que “A Feiticeira” …………………………………………. bem deixa para lá.

Pelo menos, Nicole Kidman deu um sopro de alívio ao público ao lançar o sofrido e belo “Reencontrando a Felicidade”.

Quem sabe ela não esteja aprendendo?

Maiores erros desde “Dogville”:

– “Reencarnação”, de 2004

– “Mulheres Perfeitas”, de 2004

– “Invasores”, de 2007

– “Austrália”, de 2008

– “Nine”, de 2009

– “Reféns”, de 2011

Filmes esquecíveis desde “Dogville”:

– “A Intérprete”, de 2005

– “A Bússola de Ouro”, de 2007

Boas atuações desde “Dogville”:

– “A Pele”, de 2006

– “Reencontrando a Felicidade”, de 2010

Russell Crowe

Russell Crowe

Para ser marrento e ter sucesso, o sujeito precisa não errar. Caso contrário, vão pisar nele na primeira oportunidade que este fracassar e deixá-lo de lado.

Russell Crowe abusou desse jeito valentão no auge de sua carreira quando lançou dois grandes filmes: “Gladiador”, de 2000 e “Uma Mente Brilhante”, de 2001.

Brigas com jornalistas, mau trato para com os fãs, declarações polêmicas e brigas com colegas de elenco causaram uma má impressão que ficou impregnada na carreira dele.

Tanta confusão causou a perda da possibilidade de faturar dois Oscars seguidos de melhor ator, feito que somente foi alcançado até hoje por Cary Grant e Tom Hanks.

Logo após “Mestres dos Mares”, Crowe só foi fazer um filme dois anos depois, com “A Luta Pela Esperança”, fracasso colossal de bilheteria e detonado pela crítica.

Neste mesmo ano, 2005, o astro foi preso em Nova York após atingir um funcionário de um hotel com um telefone. Em uma sociedade como a americana, que não perdoa um mísero erro (se bem que mísero não é a palavra mais adequada para essa agressão), Crowe caiu em desgraça.

Dessa maneira, ele foi perdendo espaço e protagonizou filmes sem força, nem lembrando suas obras do começo dos anos 2000.

Além disso, quando teve grandes nomes do seu lado como Denzel Washington e Leonardo Di Caprio, foi completamente apagado, tornando-se um mero coadjuvante.

Receita para marrentos convictos: chazinho de tranqüilidade com pitadas de humildade.

Maiores erros desde “Mestre dos Mares – O Lado Mais Distante do Mundo”:

– “A Luta Pela Esperança”, de 2005

– “Um Bom Ano”, de 2006

– “Robin Hood”, de 2010

Filmes esquecíveis desde “Mestre dos Mares – O Lado Mais Distante do Mundo”:

– “Os Indomáveis”, de 2007

– “Rede de Mentiras”, de 2008

– “72 Horas”, 2010

Boas atuações desde “Mestre dos Mares – O Lado Mais Distante do Mundo”:

– “Intrigas de Estado”, de 2009

Steven Soderbergh

Steven Soderbergh

Steven Soderbergh conduz sua carreira como os diretores hollywoodianos do mainstream pedem a Deus ao mesclar grandes filmes de estúdio com obras pequenas e experimentais.

No início do século XXI, ele era o diretor da moda: com filmes fortes, conseguiu marcar seu nome em Hollywood e achar grandes aliados na indústria. Nomes como George Clooney e Julia Roberts foram praticamente seus padrinhos.

Também não era para menos: o ex-astro de “Plantão Médico” começou a ser visto como ator de verdade a partir de “Irresistível Paixão”; já “a queridinha da América” ganhou seu primeiro Oscar com “Erin Brockovich”.

Entre esses dois filmes produziu sua principal obra: o corajoso drama sobre o a situação das drogas nos EUA, “Traffic”.

Para completar, lançou o excelente “Onze Homens e Um Segredo” com uma trama divertidíssima e um superelenco que, além de Clooney, tinha Matt Damon e Brad Pitt.

O que veio em seguida foram a mescla de filmes mais baratos/experimentais e grandes produções. Porém, o caldo entornou.

Isso porque os filmes mais alternativos pouca coisa trouxeram de interessante, enquanto as grandes produções foram tediosas, tendo como destaque o monótono “Solaris” e as fraquíssimas obras sobre a vida de Che Guevara.

Como se não fosse bastante, conseguiu acabar com o seu ganha-pão, já que fez dois filmes nada inspirados de “Onze Homens…”, cansando o público da série.

Atualmente, Soderbergh é um cineasta pouco lembrado tanto por cinéfilos quanto por jornalistas do meio. Seus filmes, antes cercados por expectativa, hoje surgem com uma mais uma atração do mercado.

Uma pena.

Maiores erros desde “Onze Homens e Um Segredo”:

– “O Segredo de Berlim”, de 2006

– “Doze Homens e Outro Segredo”, de 2004

– “Che 2 – A Guerrilha”, de 2008

Filmes esquecíveis desde “Onze Homens e Um Segredo”:

– “Solaris”, de 2002

– “Treze Homens e Outro Segredo”, de 2007

– “Che”, de 2008

– “O Desiformante”, de 2009

Bons filmes desde “Onze Homens e Um Segredo”:

– “Contágio”, de 2011 (com extrema boa vontade)

Tem sugestões de nomes que poderiam estar nesta lista?

Coloque suas opiniões nos comentários.

Quem sabe não amplio ainda mais a lista?