O fracasso nas bilheterias de “Transcendence” mostra o desgaste da imagem de Johnny Depp. Após o sucesso merecido por “Piratas do Caribe” ao criar um personagem icônico, o astro se repete cada vez mais em seus papéis, sempre lembrando Jack Sparrow: muitos trejeitos, andar e vozes peculiares, visual estranho.

Nem de perto lembra o sujeito capaz de criar bons personagens em ótimos filmes como “Edward Mãos de Tesoura”, “Ed Wood”, “Donnie Brasco”, “Medo e Delírio” e “Em Busca da Terra do Nunca”. O Cine Set apresenta esta lista para mostrar o grave momento da carreira de Johnny Depp.

5 – Diário de um Jornalista Bêbado

Se “Medo e Delírio” conseguiu ser uma adaptação criativa do romance de Hunter Thompson, “Diário de um Jornalista Bêbado” vai na contramão. O diretor Bruce Robinson pouco injeta emoção e tudo soa arrastado. Johnny Depp contribui ainda mais para esse cenário com uma atuação burocrática e a sensação constante de tédio com o que está fazendo. Poderia ter sido um alívio em uma carreira marcada por blockbusters, porém, se tornou apenas mais um tropeço.

4 – O Cavaleiro Solitário

Johnny Depp bem que tentou uma nova franquia similar a “Piratas do Caribe”.

Com a Disney de estúdio, o ator retomou a parceria com Gore Verbinski (diretor de “A Maldição do Pérola Negra”) para fazer uma nova aventura trocando o mar pelo oeste americano. Muitos efeitos especiais, toques de humor, maquiagem e caracterização pesadas, personagem com trejeitos peculiares. Estava tudo certo para mais um sucesso.

O público, porém, se mostrou inteligente suficiente para não cair nessa arapuca e “O Cavaleiro Solitário” fracassou nas bilheterias mundiais. Tudo porque o filme apresenta uma estrutura calculada para repetir fórmulas de “Piratas do Caribe” em nova embalagem na tentativa de fazer o raio cair duas vezes no mesmo lugar. O personagem Tonto criado por Depp nada mais é que isso: o Jack Sparrow versão indígena do faroeste.

3 – Piratas do Caribe 2, 3 e 4

Jack Sparrow é um dos melhores personagens criados por Hollywood nestes anos 2000 a ponto de virar um ícone cultural.

Claro que a Disney não iria deixar passar em branco esse fato e aproveitou o máximo possível o personagem nas continuações de “Piratas do Caribe”. Depp, claro, embarcou na ideia e vestiu as roupas de pirata por mais três vezes no cinema. A overdose de filmes desgastou a imagem do personagem e o que era algo extraordinário virou banal. O excesso chegou a tal ponto que tivemos de aguentar dezenas de Jacks Sparrows em uma determinada cena de “O Baú da Morte”.

Se no primeiro filme Depp conseguiu criar um personagem tão peculiar, as sequências mostraram apenas um ator repetindo trejeitos e sem criatividade para expandir o universo de Sparrow. Sorte as bilheterias mundiais ainda se mostrarem encantadas com o pirata.

2 – Alice no País das Maravilhas

A parceria entre Tim Burton e Johnny Depp trouxe ótimos resultados: “Edward Mãos de Tesoura”, “Ed Wood”, “A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça” e “Sweeney Tood”, além da animação “A Noiva Cadáver”. “Alice no País das Maravilhas”, infelizmente, é o ponto mais baixo dessa aliança.

O ator repete cacoetes de Jack Sparrow e Willy Wonka para criar um personagem afetado e acima do tom do exigido até mesmo para o excêntrico Chapeleiro Maluco. A dança ridícula do personagem no final do filme deixa tudo ainda mais embaraçoso.Perto de Helena Bonham Carter excelente como a Rainha Vermelha, Depp se mostra perdido e sem utilidade real no filme.

A indicação para o Globo de Ouro em 2011 como melhor ator de comédia/musical mostra como a premiação adora famosos muito mais que a qualidade das atuações.

1 – O Turista

A foto acima diz tudo sobre a atuação de Johnny Depp neste filme: a carinha de sono reflete uma atuação pouco inspirada. Se não estivesse ganhando uma baita grana e pudesse ser o par romântico da bela Angelina Jolie, valeria a pergunta ao ator se ele foi obrigado a estrelar esta bomba.

O desinteresse em construir uma figura interessante e a repetição de certos gestuais de Jack Sparrow (a corrida na parte superior do trem é o maior exemplo disso) deixam claro a necessidade de mudança nos rumos da carreira de Depp. O lançamento de “Transcendence”, entretanto, mostra que o astro continua seguindo o estilo de “O Turista”.

Melhor Atuação – “Inimigos Públicos”

Fugir da linha Tim Burton-Gore Verbinski fez bem para Johnny Depp. Conhecido por “O Informante” e “Fogo Contra Fogo”, Michael Mann consegue arrancar um grande trabalho do ator.

Contracenando ao lado de nomes fortes do cinema atual como Christian Bale, Marion Cottillard e Giovanni Ribisi, Depp foge das caretas e maquiagem para interpretar o famoso mafioso John Dillinger. A cena dentro do cinema é o ponto alto de uma atuação calcada em um tom menos histriônico.

“Inimigos Públicos” traz duas lições importantes para o ator: 1) trabalhar como outros diretores renomados e 2) personagens mais minimalistas são boas saídas para fugir do comum.