Chantal Akerman, cineasta belga, feminista e uma das líderes do cinema europeu experimental, morreu nesta segunda-feira (5) aos 65 anos. As causas da morte ainda não foram reveladas, mas alguns jornais franceses dizem que a diretora pode ter cometido suicídio.

“Era uma grande cineasta que, por sua singularidade, renovou algumas facetas do cinema internacional”, declarou o produtor Patrick Quinet.

Em setembro, ela estava no Festival de Locarno com seu filme novo, “No Home Movie”, um ensaio sobre sua mãe, Natalia, que sobreviveu em Auschwitz. No próximo mês, ela daria uma masterclass em Londres, que culminaria em uma retrospectiva de sua obra. Ela também influenciou diretores como Gus Van Sant.

Rodado quando tinha apenas 25 anos, seu filme mais famoso, “23 quai du Commerce, 1080 Bruxelles”, acompanha uma solitária dona de casa que faz seu trabalho diário, cuida de seu filho adolescente e que ocasionalmente se prostitui para ganhar dinheiro extra. O jornal “New York Times” chamou o filme de “a primeira obra-prima do feminino na história do cinema”.

Chantal experimentou diversos gêneros do cinema como a comédia musical, com “Golden Eighties” (1986); a comédia romântica, com “Um Divã em Nova York” (1996); ou histórias de amor mais profundas, como “Nuit et jour” (1991). Ela também produziu documentários. Um dos mais aclamados é “De l’autre côté” (2002), sobre mexicanos que cruzam ilegalmente a fronteira com os Estados Unidos.

As relações sexuais, a religião e a solidão foram temas recorrentes de uma filmografia caracterizada pela rigidez de sua encenação e por um estilo pessoal, um cinema complexo marcado por sua militância feminista e que não cedia a concessões formais ou temáticas.

Participou da seção oficial do Festival de Berlim em 1989, com “Histoires d’Amérique”, e no de Veneza em 1991, com “Nuit ey jour”, além de conseguir uma indicação ao César do cinema francês por seu documentário “Là-bas” (2006).

Em 2004, Chantal recebeu a Medalha Federico Fellini, concedida pela Unesco, por sua contribuição à difusão e respeito à diversidade cultural.

da Agências EFE e France Press