Os cineastas que só dirigem atrizes jovens “perdem um grande tesouro dramático”, afirmou nesta quarta-feira (10) o diretor espanhol Pedro Almodóvar em Londres, onde está lançando seu mais recente filme, “Julieta”, um drama que gira em torno da mulher.

“Se você quer que seus filmes reflitam a realidade, a mulher é inevitável. A mulher representa a vida e a vida adulta”, disse o diretor à agência Efe no tapete vermelho do Film4 Summer Screen, um festival que acontece no centro cultural londrino Somerset House, às margens do rio Tâmisa.

Sobre o protagonismo da mulher no cinema, Almodóvar acrescentou: “Acho que depende do gênero, ou seja, nos filmes de super-heróis realmente há pouco lugar para os papéis femininos. São colocadas como parceira passiva do super-herói. Eu acredito que é para demonstrar que não são gays”.

No Reino Unido, como em boa parte do mundo, Almodóvar é considerado um cineasta “cult”, prova disso são os cinco Bafta, prêmios da Academia Britânica das Artes Cinematográficas e da Televisão, que possui.

“Julieta”, que estreou no Brasil no início de julho, está baseado em três relatos da autora canadense Alice Munro, vencedora do prêmio Nobel de Literatura de 2013: “Destino”, “Em breve” e “Silêncio”.

Duas atrizes dão vida à personagem de Julieta: Adriana Ugarte a interpreta em sua juventude e Emma Suárez na fase adulta.

A ideia inicial de Almodóvar era contar com Meryl Streep, vencedora de três Oscar, para interpretar o papel. O diretor inclusive chegou a se reunir com a atriz e se propôs a rodar o filme em Nova York, ao invés de Madri.

“Nos textos de Alice Munro, o tipo de família que ela relata não tem nada a ver com a família espanhola. Por isso achava que tinha que fazê-la em inglês. Depois tentei adaptá-la à geografia e a nossa cultura e vi que era possível”, explicou Almodóvar.

O diretor revelou que gostaria de fazer um filme em língua estrangeira, mas que antes necessita “estar mais seguro” de seu inglês e de si mesmo.

Almodóvar acrescentou ainda que, se fizesse um filme falado em inglês, optaria por Nova York ou Londres para morar, uma vez que já conhece bem essas cidades, nas quais ele diz se sentir “verdadeiramente em casa”.

da Agência EFE