Nascida na cidade de Codajás, Elen Linth conseguiu um feito enorme para a cena amazonense do audiovisual ao classificar o curta-metragem “Sandrine” para o Festival de Tirantes 2015, um dos mais importantes eventos de cinema brasileiro. Pelo mesmo filme, a realizadora já havia ganho o prêmio de roteiro do Amazonas Film Festival 2013, o que contribuiu para tirar o projeto do papel. Acima de conquistas pessoais e profissionais, Linth luta por uma causa muito maior: a luta contra a discriminação e violência feitas a gays, lésbicas, transexuais e travestis.

E “Sandrine” aborda o assunto ao trazer uma professora dividida entre a sala de aula e a fila do hospital para fazer a sonhada cirurgia de redesignação genital com o intuito de alterar a aparência física e a função das características sexuais para o sexo oposto. Segundo Elen Linth, o processo de construção da história do curta teve início no período da faculdade ao lado do amigo e roteirista do projeto Leandro Rodrigues. “Conversamos com transexuais, assistimos muitos filmes, lemos bastante sobre o assunto. Tudo ajudou bastante para fazer o texto do filme”, revela a diretora.

sandrine elen linth cinema amazonenseCom o objetivo de evitar o lugar comum e o estereótipo, Elen Linth explica que optou por um trabalho de atuação mais contido, o foco no clima atmosférico e uma fotografia mais próxima à realidade. “Acredito que trabalhar com filmes desse tema, sem abrir mão da linguagem cinematográfica e sem cair no lugar comum, é minha maneira de lutar contra a violência que gays, lésbicas, transexuais e travestis sofrem na nossa sociedade. Não acredito se tratar de um tema polêmico, mas sim de um assunto desconhecido e uma ignorância sobre uma questão de direitos humanos e identidade de gênero”. Outro projeto de Elen Linth previsto para chegar às telas em 2015 com essa temática será “Muros”: nesse filme, o foco será um relacionamento lésbico.

Formada em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Elen Linth enxerga em “Sandrine” e “Muros” uma evolução natural adquirida dos três curtas anteriores, “Entre Passos”, “Sambares” e “Pra Se Contar Uma História”. “Todos esses trabalhos contribuíram significativamente para meu processo de direção, pois não abro mão de enquadrar a cena e o trabalho com atores. Esses filmes anteriores me possibilitaram experimentar diferentes metodologias de conduzir uma cena levando em consideração o quadro e a atuação”, diz Linth.

Para quem é de Manaus e deseja assistir “Sandrine” terá que esperar um pouco mais: Elen Linth explica que ainda não há data de lançamento para o curta na cidade. “Ainda estou no aguardo da liberação da segunda parcela do Amazonas Film Festival e da Secretaria do Audiovisual para finalizar o filme do jeito que gostaríamos”, explica a diretora que levar o filme para outros festivais, exibições em cineclubes e mostras sobre a temática de identidade de gênero e sexualidade.

Agenda cheia

Pensa que 2015 para Elen Linth limita-se a “Muros” e “Sandrine”? Então, olha só o que ela ainda tem de projetos para este ano:

Poéticas do Olhar: financiado pela Funarte, Ministério da Cultura e Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), projeto consiste em 8 vivências/oficinas de fotografia com mulheres ribeirinhas dos rios Solimões, Negro, Alto Rio Negro e Alto Solimões, além de 13 exposições itinerantes de fotografia sob o ponto de vista da mulher. O projeto já está sendo desenvolvido há três meses e, ao final da maratona, Linth irá lançar o livro de fotografia e documentário sobre o processo;

Abayomi: curta documental sob o ponto de vista infantil sobre as bonecas negras Abayomi começa ser filmado em abril;

Meu Querido Bentinho: longa documental com início de filmagem previsto para maio de 2015 na Bahia;

Série ‘Diversidade’: financiado pelo Fundo Setorial do Audiovisual através dos investimentos no programa Brasil de todas as Telas. Filmagens começam no segundo semestre de 2015 também na Bahia;

Giz de Cera: curta de ficção previsto para ser filmado em Manaus no final do ano de 2015 ou primeiro semestre de 2016;

Pranto de Lunar: trabalho de assistente de direção no filme dirigido por Dheik Praia;

Parto: trabalho de produtora do curta de ficção de Amaranta Cesar.

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