O gráfico sobre a participação de filmes brasileiros nos cinemas por Estados em 2021 aparece sem a presença do Amazonas. Caso incluísse as produções estrangeiras, a imagem permaneceria a mesma. O informativo, disponível no Observatório Brasileiro do Cinema e Audiovisual, presente no site da Agência Nacional do Cinema (Ancine), é reflexo de uma triste realidade: o semestre praticamente inteiro com as salas de exibição fechadas em todo Estado.
A interrupção das atividades das 71 salas no Amazonas – 69 em Manaus, uma em Itacoatiara e outra em Manacapuru – ocorreu na virada do ano quando a variante Gama (P.1) aliada ao negacionismo levou ao caos sanitário e à crise do oxigênio nos hospitais. As animações “O Tempo com Você” e “Sapatinho Vermelho e os Sete Anões” até chegaram a ser anunciadas como estreias no dia 31 de dezembro de 2020, porém, não tiveram tempo de serem lançadas.
As precauções para evitar uma terceira onda, os índices ainda preocupantes de novos casos e mortes com o avanço ainda lento da imunização acelerado apenas em junho levaram a quase seis meses de cinemas fechados. Para efeito de comparação, na primeira onda, as salas em Manaus foram paralisadas em 19 de março de 2020 e começaram a voltar no dia 23 de julho com o Casarão de Ideias, ou seja, pouco mais de cinco meses.
EXPECTATIVA DE REABERTURA
Diretor e fundador do Casarão de Ideias, João Fernandes, esteve presente em uma das últimas reuniões com integrantes do Comitê de Enfrentamento da Covid-19 do Governo do Amazonas para debater sobre as possibilidades de reabertura do setor.
“A higienização e a quantidade de público são os principais fatores levados em conta na metodologia de trabalho deles. O setor questiona o fato das salas seguirem fora das liberações enquanto restaurantes de ambientes fechados podem funcionar, afinal, nestes locais, as pessoas precisam tirar a máscara e podem falar alto. Já nos cinemas, elas precisam manter o uso das máscaras e estarão quietas”, declarou.
João, entretanto, acredita que a aceleração da vacinação abre uma perspectiva de retorno (clique aqui para saber os planos de retomada do Casarão de Ideias com a possível data de reabertura e os filmes a serem exibidos).
O Cine Set procurou as redes de cinema localizadas em shoppings de Manaus para se pronunciarem sobre o assunto. O Cinépolis informou que resolveu não se pronunciar sobre o assunto. Já o Cinemark, através da assessoria de imprensa, divulgou que “manteve os empregos de todos os seus colaboradores. Todos os protocolos de segurança adotados pela Rede em todo o Brasil são os mesmos anunciados no ano passado, com medidas aprovadas pelo Hospital Israelita Albert Einstein”. Um executivo de outra empresa de cinema na cidade até brincou: “o governador de vocês parece até que esqueceu que existe cinema em Manaus”.
PEDIDO NA CÂMARA MUNICIPAL
No último dia 16 de junho, o vereador Peixoto (PTC) subiu à tribuna da Câmara Municipal de Manaus para defender o retorno dos cinemas na cidade. “Nessa pandemia, sabemos que todas as atividades sofreram economicamente. Esse sacrifício foi um esforço mútuo entre sociedade e empresas. Hoje, ao que tudo indica, com o avanço da vacinação e a queda dos índices de óbitos, algumas atividades precisam voltar, mesmo que gradativamente, e esse é o caso dos cinemas”, disse.
O vereador justificou o pedido de liberação pelos rígidos protocolos sanitários adotados pelas empresas do setor e por ser um “forte aliado na saúde mental da sociedade, isso mesmo, não só se trata de cultura e arte, mas também de um forte aliado no combate ao stress, depressão e todos esses males que se avizinharam nesse período de pandemia”.
No fim do discurso, Peixoto apelou para os blockbusters: “Fiz esse apelo ao governador Wilson Lima, creio que será analisado com muito carinho e que em breve, possamos comer aquela pipoca assistindo um super lançamento nas telas, sem esquecer todos os cuidados e protocolos que a pandemia exige para o retorno seguro das atividades”
OS FATORES DETERMINANTES
Procurada pelo Cine Set através da assessoria de imprensa, o Governo do Amazonas apontou que o Estado ainda se encontra na fase laranja da pandemia – a terceira mais grave – e as características dos cinemas de serem ambientes fechados e climatizados são determinantes para ainda impedir a reabertura.
Por outro lado, o Governo estadual informou que a “abertura depende dos indicadores da pandemia, que são avaliados periodicamente, e não necessariamente está condicionada à fase verde, podendo ser revista assim que houver redução nos níveis de pontuação que caracterizam a fase laranja”.
O próximo decreto com novas regras deve ser publicado ainda nesta semana. Atualmente, o Amazonas registra 395.724 casos de Covid e 13.197 mortes.