Uma manhã bela (e nem tão fria, na verdade bem calorosa) em São Paulo, no bairro de Vila Mariana, onde fica o histórico prédio que abriga a Cinemateca Brasileira desde os anos 60, serviu para marcar um novo momento para a instituição e o cinema brasileiro, com o anúncio de uma série de ações especiais para este ano de 2023 ainda. A primeira e mais abrangente delas é o lançamento da campanha de mídia, de abrangência nacional e que promete impactar os cinéfilos, denominada VIVA CINEMATECA.   

Segundo a diretora da instituição, Maria Dora Mourão, o projeto busca resgatar o papel do audiovisual na memória dos brasileiros e ressaltar a função da Cinemateca no trabalho de preservação da história e da memória audiovisual do país. E ainda um programa de difusão que vai promover a circulação do acervo, debates, mostras nacionais, exposição e ações educativas. A programação não se restringirá a cidade de São Paulo, passando por outras 12 cidades do país.   

Na campanha são feitas referência a 10 grandes filmes e produções de TV nacionais, como “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976), de Bruno Barreto, “Central do Brasil” (1998), de Walter Salles, “Cidade de Deus” (2002), de Kátia Lund e Fernando Meirelles, e a novela “Mulheres de Areia” (1973), da TV Tupi. A Lojinha da Cinemateca, inclusive, volta a operar com a comercialização de itens da campanha como ecobag, caderninho, camisetas e postêrs. Apresentando os objetivos do projeto, a diretora técnica da Cinemateca Brasileira Gabriela Souza de Queiroz falou sobre a modernização da infraestrutura técnica de projeção audiovisual, consolidando a excelência técnica das salas de exibição da instituição.  

COLEÇÃO DE NITRATOS E VIVA CINEMATECA 

Lançamento e coletiva de imprensa do Projeto Viva Cinemateca

Entre os projetos de preservação em andamento por meio do Viva Cinemateca, um dos destaques é o tratamento da coleção de nitratos (PRONAC 212939). A iniciativa visa catalogar, digitalizar e conservar os filmes em nitrato de celulose, que compõem a coleção mais antiga do cinema brasileiro, com registros audiovisuais que remontam à primeira década do século 20 e agora são, além de preservados, compartilhados com a sociedade. Alguns filmes dessa coleção foram exibidos na manhã desta quarta-feira, entre os quais um filme caseiro do pintor Lasar Segall e sua família, uma comédia com Genésio Arruda e cinejornais.    

O projeto Viva Cinemateca inclui o trabalho no acervo do Canal 100 (PRONAC 221750), maior acervo cinematográfico do futebol brasileiro e de diversos outros temas que marcaram a sociedade brasileira no período de 1957 a 1986. Além da qualidade inovadora das imagens, as coberturas futebolistas ganharam vida nas narrações de Cid Moreira e Corrêa Araújo.     

O trabalho de difusão do cinema brasileiro vai promover a circulação do acervo, debates, mostras nacionais, exposição e ações educativas. Para os nortistas, a notícia é ótima, pois, a mostra itinerante “A Cinemateca é Brasileira” que ocorrerá de agosto a dezembro, irá percorrer o país com uma seleção de 17 filmes que perpassam diferentes momentos históricos, propostas estéticas e abordagens temáticas, demonstrando a riqueza do cinema brasileiro ao longo dos mais de 120 anos de história. Entre os espaços culturais e salas de exibição visitados pelo projeto estarão Canaã dos Carajás (PA), São Luiz (MA), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Vitória (ES) e Brasília (DF).   

RETOMADA DO PÚBLICO 

 

Lançamento e coletiva de imprensa do Projeto Viva Cinemateca

Desde a reabertura, em maio de 2022, a Cinemateca tem visto o público retornar. Já são mais de 125 mil visitantes, sendo que só até maio deste ano, foram cerca de 60 mil pessoas, entre espectadores das 250 sessões de cinema e visitantes de seus espaços públicos e de eventos realizados na sede. Ainda está em curso como parte das ações do VIVA CINEMATECA o desenvolvimento do projeto executivo para as obras de ampliação da área de guarda e tratamento de acervo e restauração do conjunto arquitetônico histórico na Vila Mariana, que vai contemplar a expansão dos espaços de laboratórios, reconhecidos internacionalmente, e atualização tecnológica, assegurando a sobrevivência de mais de 120 anos de história do cinema e do Brasil. Entre as intervenções previstas, estão ainda adaptações da Sala Oscarito e grandes intervenções nos depósitos de acervo. O objetivo é garantir que mais filmes e documentos possam ser preservados e difundidos para a comunidade.    

O Projeto Viva Cinemateca conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, como patrocinador estratégico, da Shell, como patrocinadora master, e Itaú Unibanco, como copatrocinador. Aprovado na Lei Rouanet, o projeto também permite que empresas e pessoas físicas destinem parte do imposto de renda para a iniciativa (Art. 18 da Lei Federal de Incentivo à Cultura).