Nem Oscar ou Framboesa de Ouro, ‘Através da Minha Janela’ conseguiu ganhar o prêmio de pior filme do ano na minha lista anual. Sim, foram necessários apenas 36 dias para eu ver a pior produção de 2022 (salvo se sair a continuação de ‘365’ Dias’) e vou explicar todos os por quês.  

Para começar, a história é adaptada de uma fanfic, se desenrolando com o mesmo formato episódico. Por isso, a linha temporal é marcada a partir de encontros aleatórios ou forçados entre Raquel (Clara Galle) e Ares Hidalgo (Julio Peña), o vizinho bonito e misterioso que ela stalkeia. Isso leva a um desenvolvimento individual diretamente ligado à existência do outro, sem espaço para mais personagens ou um roteiro melhor trabalhado. 

Raquel escreve histórias, mas não tem coragem para mostrá-las a ninguém, enquanto Ares tem como principal característica não se envolver romanticamente com nenhuma menina devido a um trauma familiar. Mas, segundo a história, a paixão dos dois é transformadora e leva a mocinha a se soltar e o protagonista misterioso a enfrentar seus pais. No meio de tudo isso, os amigos e família dos dois aparecem apenas como elementos de suporte para esses encontros ou como vilões do romance, levando a cenas clichês já vistas tantas outras vezes em filmes e séries. 

Basicamente, ‘Através da Minha Janela’ segue a história comum de romance adolescente com o diferencial das cenas picantes, quase um ‘365 Dias’ juvenil. Essa temática erótica se assemelha muito a outras produções da Netflix como ‘Elite’ e ‘Boy Toy’; a concepção da história com adolescentes sendo protagonistas somente foi possível devido ao consumo de filmes nos streamings, do contrário, nos cinemas existiria o empecilho da classificação indicativa como ocorreu com ’Cinquenta Tons de Cinza’.  

As cenas de sexo, além de malfeitas (claro), servem apenas para distrair o público para uma história incapaz de avançar nem prender o público de forma minimamente satisfatória, algo previsível para o que tinha o roteirista/diretor Marçal Forès como material-base. 

O que se salva? 

Como em toda crítica que eu faço, com ‘Através da Minha Janela’ também busquei observar ao menos um elemento positivo para ressaltar, afinal, todo filme possui algo aproveitável. Aqui, acredito que o desenvolvimento sobre as relações afetivas tóxicas seja o maior destaque. De forma conturbada, Raquel e Ares possuem certa consciência do que fazem de errado um com o outro (apesar de não existir um momento de reflexão sobre como perseguir alguém é errado). Além disso, todo desenrolar do núcleo familiar abusivo de Ares é razoável e possui influência marcante na história, mesmo não sendo tão aprofundado. 

Já algumas coisas como os nomes dos irmãos serem de deuses gregos, casal dormindo na mesma cama por obrigação, a mocinha sendo humilhada… realmente não tem salvação e mostra a verdadeira vergonha alheia em forma de vídeo.   

Confesso que demorei bastante para escrever essa crítica e quase cheguei a ponto de perguntar do Caio, nosso editor, se ele realmente queria um texto no site sobre esse filme. Mas, para quem curte fanfics ou apenas quer desfrutar de um romance adolescente recheado de clichês e erotismo forçado, eis aí ‘Através da Minha Janela’. 

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