“Namastê”, o quarto episódio da quinta temporada de Better Call Saul, se inicia com Jimmy num antiquário, à procura de algum item. Ele testa o peso de diversos objetos: uma pequena TV, uma panela, um Buda sorridente… Até que escolhe um que parece pesado o suficiente.
O significado dessa abertura só ficará claro ao final do episódio, mas ela tem tudo a ver com a luta de Jimmy, e dos demais personagens, nesta temporada. Jimmy, ao se redefinir como Saul, deseja assegurar seu status como figura independente. Kim também deseja o mesmo. Por isso, neste episódio ambos chegam a momentos de definição: Jimmy vai almoçar com Howard, que retorna à série com uma oferta de trabalho na HHM; e Kim decide que precisa fazer alguma coisa a respeito do senhor que se recusa a abandonar seu terreno, entravando as intenções da grande empresa Mesa Verde.
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Ser independente de verdade tem um custo – como sabemos o destino de Saul, que se apresenta para Howard como “a última linha de defesa para o cara pequeno”, a oferta de Howard adquire até um aspecto dramático e trágico. Mas o nosso protagonista não quer ter mais nada a ver com sua vida passada nem com o universo que foi criado por seu irmão. Já a Kim se alia com a persona do Saul em nome de um fim, aparentemente, nobre: ajudar aquele “cara pequeno”. Vamos ver, nos próximos episódios, como essa aliança vai se desenvolver…
GUS E MIKE SURPREENDEM
Incrivelmente, Gus é outro personagem que sofre os efeitos da pressão de forças maiores. Ele também está em busca de sua independência, por isso sofre na tensa sequência em que Hank e Steve interceptam seu dinheiro numa transação. Em busca de controle – não é o que todos querem? – o nervoso Gus acaba atormentando um “cara pequeno”, o rapaz que trabalha para ele no restaurante dos Pollos Hermanos, obrigando-o a lavar a grelha várias vezes.
E a trama do Mike toma um rumo que realmente não esperávamos, o que prova a capacidade da série em nos surpreender mesmo quando já conhecemos os destinos de alguns dos personagens. “Namastê” é mais um ótimo episódio de Better Call Saul, com humor, tensão e grandes momentos entre os personagens. É impressionante a facilidade com que Dean Norris e Steven Michael Quezada voltaram aos seus personagens desde a época de Breaking Bad. É sensacional a cena da confusão com o jurado que Jimmy apronta no tribunal. E visualmente, se destaca a sequência noturna no deserto, entrecortada com as cenas de Gus no Pollos Hermanos – a tensão é construída pela montagem alternada, pelo som e pelas atuações.
Temos um episódio de preparação de terreno para novos desenvolvimentos. Mas um que não esquece que o brilhantismo da série muitas vezes está nos detalhes.