Veterana em dirigir seriados de comédia leves e divertidas, Nisha Ganatra (‘Transparent’ e ‘Cara Gente Branca’) apresenta novamente seu estilo de narrativa em ‘A Batida Perfeita’, resultando em um filme fácil de ser assistido e que consegue misturar humor com problemas mais sérios e decorrentes na indústria musical. Ainda que divertida, a trama superficial e previsível impede que a produção seja algo além de esquecível.

‘A Batida Perfeita’ acompanha Maggie (Dakota Johnson) no seu dia-a-dia como assistente da diva pop Grace Davis (Tracee Ellis Ross). Além de possuir o benefício de trabalhar com sua ídola, Maggie também passa a ocupar espaço na vida profissional da cantora, alimentando seu sonho de se tornar produtora musical, o que é fortemente negado pelo empresário de Grace (Ice Cube).

Somente nesse resumo podemos perceber a lista de grandes atores, escolhas muito bem pensadas inclusive. Tracee Elis Ross, além de ser conhecida por seu trabalho em ‘Black-Ish’, é filha da cantora lendária Diana Ross, sendo o longa sua primeira oportunidade de cantar e mostrar o talento de família. Assim, além de realizar um bom trabalho para o longa, a presença de Tracee ajuda a alimentar a narrativa musical, elemento reforçado pela presença de Ice Cube no elenco.

Já Dakota Johnson está presente com uma atuação protocolar e, apesar de conseguir convencer, também passa a sensação de que não saiu do piloto automático. Por isso, nas cenas em que Maggie e Grace estão juntas, dá para notar o abismo entre Tracee e Dakota.

Fragilidades do roteiro

Parece uma grande insistência falar sobre a falta de emoção em “A Batida Perfeita”, porém, este é um grande defeito já que diversas oportunidades são dadas e o filme não agarra. Além de citar trabalhos abusivos e possuir um diálogo sobre a dificuldade de uma mulher negra com mais de 40 anos ter um novo hit musical bem sucedido, o longa também apela fortemente para as relações familiares em seu terceiro ato, o que poderia muito bem ser visto de forma delicada e emocionante, mas, na verdade é abordado com humor e explicações óbvias.

No geral, a estreia de Flora Greeson como roteirista é feita de forma muito segura. Diversos elementos são repetidos de comédias românticas e a parte musical é apenas um mero detalhe, embora as músicas de Amie Doherthy atribuam bons significados para as cenas em que são inseridas. Fora isso, toda a possibilidade de falar sobre Grace em busca de sua reinvenção musical é deixada de lado, justamente a temática mais forte e latente da produção.

Isso me faz refletir como o filme tem boas intenções: ele consegue facilmente iniciar importantes discussões, porém, a chance de uma abordagem mais emocionante e ampla torna-se nula por focar em uma história superficial. ‘A Batida Perfeita’ é basicamente um longa que não cumpre seu propósito porque o roteiro não permite, mas, como diversão musical inofensiva ele serve respeitosamente.