História baseada em um caso real, um compilado de clichês e protagonistas carismáticos – isso é tudo que Denzel Washington dispõe para dirigir ‘A Journal For Jordan’, um filme esquecível e desinteressante. Tratando-se de uma história sobre o herói de guerra estadunidense Charles Monroe, o filme não apresenta nada realmente novo sobre essa temática já vista inúmeras vezes de diferentes formas no cinema.  

A trama acompanha a relação de Charles (Michael B. Jordan) com a jornalista Dana Canedy (Chanté Adams) e todos os empecilhos gerados na vida do casal devido ao envolvimento dele em missões do Exército. Desde o princípio, porém, o filme deixa claro que o mais importante sobre ambos são os aprendizados deixados pelo militar em um diário destinado a seu filho. Isso permite conhecermos Charles e Dana e, ao mesmo tempo, vislumbre os futuros problemas entre ambos.  

A montagem se mostra o principal trunfo para envolver o público na história do casal. Remetendo à série “This is Us” em que a passagem de tempo era fundamental para desenvolver diversos personagens, “A Journal for Jordan” oferece informações importantes reveladas em diferentes momentos, fazendo com que o público conheça Charles e Dana e, ao mesmo tempo, vislumbre os futuros problemas entre ambos.  

Por outro lado, o desenvolvimento fica restrito ao casal protagonista; os coadjuvantes são citados e possuem importância, mas passam longe de serem marcantes. Com isso e a incapacidade do roteiro de Virgil Williams amplificada pela direção errante de Denzel, impede o público de se conectar totalmente ao universo da trama e criando barreiras de conexão com o que se passa em tela. 

BREVE PAUSA NA IDEALIZAÇÃO 

Apesar da química visível entre Michael B. Jordan e Chanté Adams, os dois sofrem com personagens que não saem do lugar. O astro de filmes como “Creed” e “Pantera Negra” se esforça para criar um militar admirável por sua dedicação e, ao mesmo tempo, com aguçada delicadeza artística, entretanto, a idealização dele durante os longos 131 minutos prejudica a construção de uma figura mais humana. Da mesma forma, Dana é extremamente carismática, você gosta da história dela, mas, ao final, são diversos estereótipos de relacionamento no desenvolvimento dela que simplesmente tornam a experiência um verdadeiro déjà-vu de romances do gênero. 

Há um momento, porém, em que “A Journal For Jordan” insinua ir além da linha amor, patriotismo, companheirismo, luto e esperança. É quando os personagens abordam temas espinhosos sobre relacionamentos. Ali, o longa mostra maior maturidade e os diálogos ajudam porque soam muito naturais, principalmente quando Dana (Chanté Adams) fala sobre rejeição, traição e traumas passados pelo relacionamento de seus pais. Poderia ser uma saída para um drama mais maduro, mas, não demora muito e voltamos à idealização do amor perfeito. 

Por fim, o filme apresenta seu desfecho com a presença de Jordan seguindo os aprendizados do pai. Entretanto, ele é mais uma figura pouco desenvolvida e sem tempo para que o público o conheça. Para mim, o longa seria muito mais interessante se acompanhasse o rapaz lendo o diário do pai em vários momentos de sua vida, muito melhor que condensar essa ausência de Charles em apenas uma cena, a qual tenta até abordar o racismo de forma rápida. Novamente, o diálogo é proveitoso e impactante, mas, a divisão da temática em cenas diferentes deixaria “A Journal for Jordan” e a narrativa mais forte e valorosa. 

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