Custando US$ 200 milhões, ‘Alerta Vermelho’ é o filme mais caro da Netflix até então e não é para menos: Gal Gadot, Ryan Reynolds e Dwayne Johnson – nomes extremamente carismáticos e solicitados em Hollywood – conduzem a trama de humor e aventura em mais um filme genérico do streaming. 

Ao lado de ‘Lupin’ e ‘Army of Thieves’, ‘Alerta Vermelho’ faz parte da nova leva de produções que tentam emplacar novamente histórias sobre roubos impossíveis e prêmios inestimáveis, ressuscitando o sucesso de ‘La Casa de Papel’. Mas, além de ajudar a saturar esse tipo de história, o novo filme de Rawson Marshall Thurber (‘Família do Bagulho’) também mostra que mesmo o todo o dinheiro do streaming não foge das tentativas de agradar e entreter o público a qualquer custo. 

A história acompanha o agente do FBI John Hartley (Dwayne Johnson) buscando reassumir seu posto após ser demitido por uma armação do Bispo (Gal Gadot), o maior ladrão de arte do mundo. Para isso, ele precisa se aliar ao ladrão Nolan Booth (Ryan Reynolds), concorrente do Bispo, em busca da relíquia chamada os três ovos de Cleópatra.  

CARISMA NÃO BASTA 

Bom, com um elenco tão badalado como esse é compreensível que a trama naturalmente gire em torno do carisma deles, uma estratégia falha, com exceção de Ryan Reynolds. Aqui vemos a eterna Mulher-Maravilha, Gal Gadot presa na personagem dada como misteriosa para não dizer mal desenvolvida e Dwayne Johnson no piloto automático fazendo o mesmo papel de outros filmes – inclusive na cena ambientada na floresta me esforcei para lembrar que era ‘Alerta Vermelho’ e não ‘Jungle Cruise’ ou ‘Jumanji’. 

Já Ryan Reynolds, apesar de sempre estrelar comédias, passa pela melhor fase na carreira. Tudo bem que o divisor de águas foi ‘Deadpool’ lá em 2016, mas, além de estar cotado para vários projetos futuros, nesse 2021 ele conseguiu um bom destaque com ‘Free Guy’ e em ‘Alerta Vermelho’ é quem mais retém a atenção do público. 

Levemente agradável 

Com ‘Arranha-Céu: Coragem Sem Limite’ e ‘Família do Bagulho’ em seu currículo, já era esperado que Thurber, diretor e roteirista, incluísse muita ação e boas piadas na história. As cenas de luta, por exemplo, são bem coreografadas, mas ocorrem de forma tão óbvia que você pensa “não, eles não vão fazer mesmo isso” e, logo depois, quando acontece, dá aquela sensação de vergonha alheia. 

A parte da aventura também tem seus méritos para a criatividade de envolver uma relíquia fictícia embasada nas figuras históricas de Cleópatra e Marco Antônio, lembrando em vários momentos a franquia ‘A Lenda do Tesouro Perdido’. Mesmo quando o roteiro preguiçosamente explica alguns acontecimentos, as sequências de luta e a pseudo caçada pelo tesouro conduzem o público mais facilmente. 

A direção de Thurber também se reflete no bromance entre Hartley e Booth, sendo essa dinâmica o que motiva o filme a funcionar conforme é preciso. A história é dividida em muitas cidades e a montagem funciona a partir dessas divisões, além é claro de ser um filme de duas horas, por isso o humor é tão essencial para não cansar o público, o qual sempre é acompanhado do bromance e da evolução na relação entre Hartley e Booth, pois a cada cenário vemos uma nova camada dos dois, por isso talvez seja tão frustrante quando o plot final descredibiliza essa construção. 

O que foi esse final? 

Existe uma última reviravolta que é realmente desconcertante não apenas por ser aleatoriamente inserida, mas também por desvalidar algumas cenas já vistas e tentar justificá-las. Esse plot também dá um banho de água fria em toda construção do bromance visto até ali, sendo que ele foi um elemento essencial para manter a atenção do público. 

Toda trama possui saídas clichês, mas esse final nos brinda com algo tão ruim que anula os elementos positivos anteriores. Acredito que até para quem estava comprando a proposta do longa, essa última reviravolta é desapontante e deixa uma impressão negativa apesar da cena final intuir a continuação e novas aventuras.