“Um pequeno passo para o homem, mas um salto gigantesco para a humanidade”.

A frase proferida por Neil Armstrong no momento em que pisava na Lua pela primeira vez é, sem dúvida, o momento mais memorável da Missão Apollo 11. Já retratada em diversos meios, a última adaptação da missão para os cinemas foi a produção O Primeiro Homem, dirigida por Damien Chazelle. Diferente de sua versão ficcional, o documentário “Apollo 11” (2019) não acompanha as origens e preparação para missão.

Com direção e montagem ágeis e inteligentes, o diretor Todd Douglas Miller aproveita o acervo de imagens e áudios – muitos inéditos – e apresenta a missão em pouco mais de noventa minutos.

Entre arquivos e animações

Quando não dispõe de imagens para explicar as manobras e feitos, o filme recorre a simples e elegantes animações. Essas que, além de combinarem perfeitamente com a identidade visual do longa, ainda divertiram ao me lembrar do game clássico Asteroids.

Outra boa sacada da direção de “Apollo 11” são as elegantes transições de passagem de tempo, principalmente, ao marcar os dias da missão a partir de uma imagem da Terra captada da nave e ao usar fotografias reais de arquivo de Neil Armstrong que intercalam suas memórias pessoais e a participação na missão. Como se fizesse uma recapitulação do que, talvez, o astronauta pensasse no momento do lançamento.

Sem narração, o que é mais um acerto, as imagens falam por si e os áudios dos técnicos funcionam muito bem para descrever problemas e transmitir os sucessos de cada etapa concluída.

Guerras e foco em Armstrong

A tensão antes do lançamento do foguete é expressa pelo trabalho de som feito por Eric Milano, juntamente à música de Matt Morton: o som dos passos dos astronautas rumo ao foguete e a trilha nos momentos de concentração tornam a experiência mais imersiva.

Talvez o filme falhe por não dar tanta atenção aos outros dois astronautas, Buzz Aldrin e Michael Collins. Também chega a ser incômodo assistir aos discursos de estadistas americanos sobre homens e tempos de paz, enquanto se conhece o contexto inflamado e as consequências da Guerra Fria e da Guerra do Vietnã.

Com belas imagens e com uma reconstituição competente, “Apollo 11” é digno da missão e serve como instrumento para aumentar ainda mais o fascínio em torno da chegada do homem à lua. Ainda nos deparamos, durante os créditos, com imagens de arquivo do período de quarentena dos astronautas. E, para quem assistiu ao filme O Primeiro Homem, não deixa de ser interessante ver o sorriso, e até o bom humor, de Neil Armstrong.

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