Entre Abelhas, nova produção do comediante Fábio Porchat, tem como centro da sua narrativa uma ideia inusitada: no filme, o jovem Bruno, interpretado pelo próprio Porchat, percebe que as pessoas aos poucos estão sumindo da sua vida. Ele passa a não ver mais o motorista do táxi que o conduz, ou alguns dos seus amigos, e com o passar do tempo se torna realmente desconectado do mundo. As pessoas ainda estão lá, ele só não as vê, e sua situação parece ter sido desencadeada pelo recente fim do seu relacionamento com Regina (Giovanna Lancellotti),

Curiosamente, apesar da presença de Porchat o filme não é realmente uma comédia. Há momentos engraçados, especialmente aqueles envolvendo a mãe de Bruno, interpretada por Irene Ravache, ou o funcionário da pizzaria vivido por Luís Lobianco – e ambos estão muito divertidos. Mas o espectador não deve esperar uma avalanche de risadas. É a ideia, curiosa e rica em simbolismos, que tem mais importância para o filme.

Afinal, trata-se da história de um deprimido que passa a se importar tão pouco com o resto do mundo, que este acaba desaparecendo do seu campo de visão. Há ótimas ideias em Entre Abelhas, tanto visuais como temáticas, como o mural criado por Bruno para avaliar quem ele vê e quem não, ou a explicação para o título. A resolução concebida por Porchat e seu diretor e co-roteirista Ian SBF, porém, é artificial e deixa a desejar. No fim das contas, Entre Abelhas é mais curioso do que propriamente bom, mas sem dúvida é um filme que possibilita mais de uma interpretação. Pode ser visto como um comentário sobre a superficialidade (e porque não, a invisibilidade) das relações humanas, ou como a história de um cara altamente egocêntrico. Só isso já basta para colocá-lo acima da grande maioria dos projetos cinematográficos atuais com comediantes famosos.