Conhecido por atuar em filmes como “A Vila” e “O Segredo da Cabana”, Fran Kranz estreia na direção e roteiro de longas-metragens com “Mass” – ele também assume a função de produtor no projeto. O filme teve uma excelente repercussão após estrear no Festival de Sundance do ano passado. E parte do mérito se dá pelo bom desenvolvimento da trama e uma ótima direção de elenco. “Mass” é um daquelas produções que quanto menos sabemos, mais rica é a experiência de assisti-la. Dito isso, tentarei não entregar muitos “spoilers”. 

A produção traz o encontro de dois casais que não se viam há seis anos. Este intervalo de tempo não é à toa, afinal, ambas famílias foram marcadas por uma grande tragédia: dez crianças morreram após um massacre em uma escola, envolvendo tiros e explosivos. Os pais de uma das vítimas se encontram com os pais do assassino com o intuito de buscar respostas e entender mais sobre as possíveis motivações daquele ato. 

O primeiro ato de “Mass” serve para ambientar o local de onde será esse encontro. Kranz consegue criar uma tensão palpável no espectador. ‘O que será que vai acontecer?’, ‘Como se dará essa conversa? ‘Quem serão as pessoas que participarão?’, ‘Qual finalidade?’ – todos estes são questionamentos inevitáveis respondidos ao longo do filme de forma muito inteligente, sendo este o maior acerto de Kranz construir e resolver este quebra-cabeça.

O processo de luto e dor como chave

Já o segundo ato se passa quase que inteiramente em uma mesma locação, em uma sala de reuniões com bastante diálogo entre as famílias. O espectador não acostumado pode estranhar no primeiro momento, mas logo é fisgado. 

Muito disso graças também ao ótimo elenco: os pais da vítima e os pais do assassino são vividos pelos grandes atores e atrizes Jason Isaacs, Ann Dowd, Martha Plimpton e Reed Birney. Não irei descrever que personagens cada um interpreta, pois isso faz parte da experiência que o longa pretende causar em quem assiste. 

Porém, é impossível não destacar as personagens interpretadas por Ann Dowd e Martha Plimpton. Ambas externam com brilhantismo a dor e o trauma de famílias que perdem seus filhos em tragédias do tipo, seja demonstrando um personagem extremamente emotivo, ou aquele que expressa corporalmente suas indignações. Um excelente estudo de personagens.

“Mass” é um filme que te deixa sem fôlego, pois é nítido a forma com os personagens lidam com as feridas abertas pelo acontecimento. Kranz, em seu primeiro trabalho, consegue entregar uma trama bem escrita e uma ótima direção de elenco. E isso já é suficiente para que a indústria e o público abram os olhos e fiquem atentos a futuros trabalhos do cineasta promissor.

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