Novo lançamento do Amazon Prime Video, “Meu filho”, estrelado por James McAvoy, conta a história de um pai ausente em busca do filho de sete anos, Ethan (Max Wilson), que sumiu misteriosamente enquanto acampava. Apostando bastante no suspense e ação, o filme é um remake de uma obra francesa homônima e ambas são dirigidas por Christian Carion.

“Meu filho” é um filme muito direto em sua abordagem e narrativa. Dispensando introduções, a obra segue o protagonista nos desafios que se sucedem para encontrar o garoto. Mantendo a câmera sempre próxima a Edmund Murray (James McAvoy) e com pouca profundidade de campo, o diretor de fotografia, Eric Dumont, busca criar um clima claustrofóbico e solitário para o protagonista.

Conforme a trama avança, sem muitas explicações, Edmund se vê em uma situação desesperançosa na investigação, sem poder contar com muito apoio. “Meu filho” peca ao não desenvolver melhor as relações entre seus personagens, principalmente entre pai e filho desaparecido. O desespero de Joan (Claire Foy), mãe da criança, é mais impactante que o de Edmund, mesmo que ela tenha menos tempo em tela.

Para compensar essa lacuna no desenvolvimento, a obra constrói sequências intrigantes, voltadas à investigação precária a que Edmund precisa recorrer. Em certo momento, é como se acompanhássemos um jogo em terceira pessoa, com a câmera acompanhando McAvoy por trás, em suas peripécias em busca de respostas.

É justamente nessa proposta que o filme se destaca. A adrenalina empregada pela direção mantém o ritmo da obra em alta, principalmente de seu segundo ato até o final, tendo o ponto de partida (o sumiço) muito mais como uma desculpa para produção das cenas de ação e suspense.

PROPOSTA SEGUIDA À RISCA

A trilha original composta por Laurent Perez del Mar contribui significativamente tanto para aprofundar o clima tenso da obra, como também para funcionar como um laço mais sentimental entre as relações familiares ali dispostas.

James McAvoy teve que improvisar suas falas e ações durante o filme, uma escolha para fazê-lo se sentir perdido assim como o personagem. Isso resulta em uma atuação que também enfoca no lado mais físico e reativo em cena, e mais uma vez deixa de lado a dramaticidade das situações.

Embora seja lógico que surja um incômodo pela falta de profundidade do suspense, onde um pouco mais de cuidado com o desenvolvimento de seus personagens acrescentaria bastante ao filme, sua fidelidade a proposta desde o início, dispersando firulas ou frases de efeito para compensar o distanciamento da relação entre pai e filho, focando-se muito mais na ação, cumprem o efeito desejado.

“Meu filho” é uma pequena imersão em uma situação radical – a busca por um filho perdido  sem ajuda das autoridades, sem conhecimento do local -, construindo a cada sequência uma conjuntura mais absurda para um homem comum desvendar. Nesse cenário, sua abdicação pelo drama faz sentido.

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