O alemão Roland Emmerich é um diretor que fez a carreira em Hollywood dirigindo filmes de ação, ficção cientifica e virou sinônimo de grandes espetáculos visuais de destruição. Isso pode ser observado nos principais sucessos da carreira, entre eles, “Independence Day” ou “2012”. Tudo isso sempre acompanhado de grandes estrelas, entre elas, Mel Gibson (“O Patriota”), Will Smith (“Independence Day”) e Matthew Broderick (“Godzilla”). Paralelo a isso, os longas de Emmerich sempre foram questionados pelo péssimo desenvolvimento dos personagens, forçando o fio condutor de suas narrativas ao carisma do super elenco.
E em “Midway – Batalha em Alto Mar” não é diferente: você pode esperar grandes momentos de batalhas aéreas e um excelente trabalho de som e efeitos visuais, mas o desenvolvimento de personagens fica bem aquém do potencial, principalmente por sua extensa duração.
Baseado em fatos reais, “Midway” se inicia com o repentino ataque dos japoneses à base americana de Pearl Harbor, e se desenvolve a partir da reação americana e aos embates que definiram os rumos do controle do Oceano Pacífico durante a Segunda Guerra. Como praxe em épicos de guerra, acompanhamos diversas subtramas que se desenrolam durante o filme. Desde o drama dos pilotos no porta-aviões Best (Ed Skrein) e McClusky (Luke Evans) passando em terra com Edwin Taylor (Patrick Wilson) e até mesmo o lado japonês com os personagens de Tadanobu Asano e Etsushi Toyokawa.
Mas, mesmo esse lado humanizado dos ‘inimigos’, acaba sendo explorado em prol do lado americano, tanto pelo destaque que é dado em tela para os esforços dos soldados do país, quanto ao reconhecimento dos combatentes japoneses para esses esforços. Não à toa que um comandante japonês aparece, em certo momento, destacando a bravura de um soldado dos EUA.
Tentativa de uma maior diversidade do elenco, as personagens das esposas ficam relegadas a se preocuparem com os maridos na guerra ou resmungando frases feitas. Por falar em frases de efeito, elas não poderiam faltar e não soam mais tolas do que parecem graças ao talento do elenco, que tem nomes que surgem e somem de maneira aleatória, vide Denis Quaid ou Aaron Eckhart. Aliás, se algum personagem morre durante o filme, a sensação que fica é que você não lamenta por ser um personagem interessante, mas por ser um ator conhecido.
Se “Midway” falha em seu desenvolvimento do roteiro, como todo filme de Emmerich, os aspectos técnicos podem ser exaltados. A trilha sonora, composta por Harald Kloser, é correta e cumpre a função nos momentos mais tensos, os efeitos visuais aliados ao design de produção de Kirk M. Petruccelli – que colaborou com Emmerich em outro épico de guerra “O Patriota” – e a fotografia de Robby Baumgartner são de encher os olhos, entretanto não apresentam nenhuma novidade que já não tenha sido vista em qualquer grande produção do gênero.
Mesmo assim, os ótimos efeitos visuais não compensam os inflados 138 minutos, o que deixa ainda mais evidente o irregular desenvolvimento da trama e a carinha de propaganda militar obrigatória. Um épico que não faz valer a alcunha e com certeza será esquecido.
PS- Durante o filme, é possível ver a presença do diretor John Ford como um dos personagens. Vale lembrar que ele fez filmagens reais da batalha, destaque no documentário “Five Came Back”, da Netflix.