A websérie documental “Sol, pipoca e magia” se debruça sobre a história de Joaquim Marinho, um dos grandes nomes da cultura amazonense, tendo trabalhado em várias áreas artísticas como agitador e produtor cultural. A obra apresenta a trajetória de Marinho desde a chegada a Manaus na década de 1950 até a construção e, depois, falência de seus cinemas na capital.

Dirigida por Rod Castro (“A Lista”), que também assina o roteiro, e Emerson Medina (“Et Set Era”), a série se desenvolve por 10 episódios com média de 10 minutos de duração, transcorrendo a vida do protagonista de forma cronológica. A grande qualidade de “Sol, pipoca e magia” está justamente no roteiro e na montagem: gravada durante a pandemia, a produção realizou a maior parte das entrevistas à distância, enfrentando problemas como conexão com a internet e uma maior dificuldade com iluminação, enquadramentos e composição de cenários.

O roteiro preza por uma abordagem bem completa da vida de Marinho, destacando tanto grandes momentos quanto as singelezas da juventude, relação com familiares e hobbies.

Sendo o agitador cultural uma figura multifacetada, “Sol Pipoca e Magia” busca uma gama de amigos e admiradores para compor a trajetória de Marinho, mas são as imagens de arquivo que mais chamam a atenção, dando a série um caráter histórico para além de seu protagonista, compondo um retrato robusto das transformações culturais em Manaus ao longo das décadas.

 MONTAGEM E TRILHA SE DESTACAM

Já a montagem se destaca desde a vinheta de abertura, passando pelas irreverentes imagens de fundo que proporcionam uma unidade às imagens. Com as entrevistas gravadas à distância sem possuírem a melhor qualidade possível, a utilização de um fundo estilizado cumpriu muito bem o papel de cenário, sendo composto por colagens com objetos, fotos e matérias de jornais que marcaram a vida de Joaquim Marinho.

“Sol Pipoca e Magia” ousa também na trilha sonora, cujo início protocolar, apenas acompanhando de forma mais óbvia o que se passa em tela, logo é substituída por composições que buscam engrandecer os grandes momentos da história, como também dramatizar situações mais sensíveis.

Marinho ficou muito marcado pelos cinemas na década de 1980 e 1990, lutando para manter viva uma tradição que já naquela época estava ameaçada. A falência dos empreendimentos é muito bem retratada na obra, conseguindo sensibilizar o telespectador que acompanha os altos e baixos das empreitadas de seu protagonista.

A irreverência e inquietação de Joaquim Marinho, dessa forma, são bem representadas na série que arrisca bastante para compor a narrativa, enfrentando as dificuldades devido à pandemia e entregando uma produção que pensa nos mínimos detalhes para fazer jus ao personagem que homenageia.

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