Desde detalhes nos figurinos até os diálogos, ‘The Boys’ sempre encontra uma forma de referenciar outros universos de super-heróis, rendendo ótimas piadas e até mesmo críticas. Desta vez, a série nos leva diretamente a uma releitura do Asilo Arkham de Gotham City, mas, sem DC ou Batman, a irreverência é a grande protagonista do episódio, mostrando que a produção consegue ser uma ótima sátira com espaço também para um bom conteúdo original.
No sexto episódio da temporada, “The Boys” apresenta o centro de experimentos em super-heróis Sage Grove. Encoberto como uma clínica de tratamento psiquiátrico, o local se assemelha com o Arkham por abrigar superpoderosos descontrolados com talentos incríveis até mesmo para a realidade da série. Aproveitando para explorar melhor seu elenco, a trama é protagonizada por Frenchie (Tomer Capon), Kimiko (Karen Fukuhara), e MM (Laz Alonso), personagens secundários e mal aproveitados até então, que ganham boas narrativas.
LEIA TAMBÉM: Crítica – “The Boys”: 2×01 a 2×04
Nos intervalos da ação principal, a dinâmica entre os personagens continua sendo um ponto forte. Homelander (Anthony Starr) e Stormfront (Aya Cash) continuam sádicos e implacáveis. Os dois são, ao mesmo tempo, tão ruins e perfeitos um para o outro que dá vontade de torcer para o relacionamento deles. De forma mais morna, a relação entre Hughie (Jack Quaid) e Butcher (Karl Urban) evolui lentamente com a adição de Starlight (Erin Moriarty) como forma de estremecer a parceria entre os amigos, se restringindo a uma narrativa bem ultrapassada. Inclusive, a principal serventia da superpoderosa é dar as respostas ao um roteiro despreparado para as cenas de ação no Sage Grove.
No restante dos personagens, Maeve (Dominique McElligott) continua caminhando em sua promessa de acabar com o Homelander. Aqui a única novidade é perceber que “The Boys” verdadeiramente gostaria de aproveitar revelações da primeira temporada como motivação para tal golpe. Enquanto isso, A-Train (Jessie T. Usher) e Deep (Chace Crawford) seguem extremamente desinteressantes, um desperdício visto que ambos atores se esforçam em vender tal narrativa.
Nem tão Coadjuvantes
Mesmo fazendo parte do “The Boys”, Frenchie, Kimiko e MM nunca tiveram um grande aprofundamento narrativo apesar de outros personagens existirem somente para embasar suas histórias. Frenchie tinha Cherie; Kimiko reviu o irmão e MM construiu uma família, entretanto, com a ausência destes núcleos, os três caíram no esquecimento durante as sequências frenéticas da temporada, apesar de sempre serem utilizados como boas justificativas para furos no roteiro.
LEIA TAMBÉM: Crítica – “The Boys”: 2×05
Por todos esses motivos, ter como primeira cena com um flashback de Frenchie dita o tom do episódio, sem decepcionar ao relacionar a trama atual com o passado do personagem. Respondendo a muitas perguntas sobre como a formação do grupo anti-Vought e acerca do próprio Frenchie, seu passado é revelado conforme a trama no Sage Grove avança, mantendo o interesse sobre. Até então o francês estava perdido na relação com Kimiko, sem mostrar uma grande influência para a temporada, por isso, o episódio não apenas ressignifica sua construção e relação com outros personagens, como também lhe atribui importância para o futuro da série. A esperança é que o mesmo ocorra futuramente com MM e alguém consiga finalmente conectá-lo com sua filha.
Já na ação do Sage Grove, ‘The Boys’ é extremamente inteligente. A trama avança explorando a relação entre seus personagens e, ao mesmo tempo, deixando o futuro da série claro em pequenos detalhes. Logo nos primeiros 20 minutos, fica explícito que a novata Cindy (Ess Hödlmoser) receberá destaque na trama, sendo revelado aos poucos como será desenvolvido.
Por isso, de forma geral, o sexto episódio marca uma boa transição e continuidade para as histórias da série desde sua primeira temporada, com o benefício de apresentar personagens esquecidos e ainda os colocar em um ótimo cenários para cenas sanguinárias.