Para além das flores e da temática cor-de-rosa: o Dia da Internacional da Mulher é uma data que deveria ser lembrada com mais pesar do que festividade. Não me chamem de pessimista. É, infelizmente, a verdade: uma data que só existe porque um grupo de mulheres precisou morrer não deveria ser exatamente festiva.

Houve avanços à causa feminista, claro, mas ainda recebemos menos e vamos nos tornando “obsoletas” com a idade. E como estamos em um site de cinema, vou exemplificar isso com cinco atrizes maravilhosas que estão de escanteio, como se seus melhores dias estivessem para trás. Foi difícil compilar essa lista. Tive que deixar de fora talentos subestimados como Marisa Tomei, Geena Davis, Sarah Paulson, Lisa Kudrow, Hilary Swank, Sally Field, Sissy Spacek, Joan Cusack, Cicely Tyson… Há ainda aquelas que encontraram sobrevida (de forma estupenda, devo ressaltar) na televisão, mas que também poderiam estar encabeçando, também, produções na tela grande, como Robin Wright e Viola Davis. Mas vamos à lista!

Angela Bassett

Ver alguns segundos de Bassett em um segmento gravado no Oscar desse ano me lembrou o quanto a presença dela é poderosa na tela. Quem assistiu ao seu trabalho corajoso em “Tina” sabe do que estou falando. Até hoje seu melhor trabalho, a cinebiografia de Tina Turner mostra que a atriz é um poço de profundidade dramática, carisma e beleza. Então, por que não colocá-la encabeçando um “Para Sempre Alice” que seja, Hollywood? Fica a dica.

Sigourney Weaver

Ah, os anos 1980… É difícil condensar em poucas linhas a importância de Weaver para a cultura pop, então sintetizo em apenas uma palavra: Ripley. Se hoje vibramos com a Imperatriz Furiosa de “Mad Max: Estrada da Fúria”, temos a heroína cunhada por dona Sigourney a agradecer. Não bastasse “Alien”, a estrela nos entregou ainda um desempenho sensível em “A Montanha dos Gorilas” e roubou a cena no delicioso “Uma Secretária de Futuro”. É tanta versatilidade que bate até uma tristeza de vê-la relegada a pontas de luxo.

Susan Sarandon

Em dado ponto dos anos 1990, Susan Sarandon parecia que ia rivalizar com Meryl Streep no quesito indicações ao Oscar. A diferença é que Sarandon demorou para ganhar a sua primeira estatueta (ela só veio em 1996, com ‘Os Últimos Passos de Um Homem’). Depois daí, a sorte não voltou a sorrir para ela. Os papeis foram diminuindo e, hoje, só a vemos em participações que não fazem jus ao seu talento. Meryl, amiga, manda uns scripts pra Sarandon porque ela é tão boa quanto você.

Michelle Pfeiffer

Essa talvez seja uma trapaceada porque Pfeiffer merece o título de “atriz mais auto sabotadora da indústria hollywoodiana”. Só para citar alguns filmes, ela recusou “O Silêncio dos Inocentes”, “Uma Linda Mulher” e “Sobre Meninos e Lobos”, entre outros (ó o perfil dela no site notstarring.com pra ver que não estou mentindo). Ainda assim, o magnetismo dela é inegável e, na pior das hipóteses, sempre teremos “Batman – O Retorno”, “Scarface”, “A Época da Inocência” e, principalmente, “Susy e os Baker Boys”.

Winona Ryder

Ryder é o exemplo perfeito do sexismo da indústria. Da mesma geração que ela, Robert Downey Jr. teve problemas mais graves com a lei e não apenas retornou ao cinema mainstream como hoje é o astro mais bem-pago do cinema mundial. Enquanto isso, o rosto expressivo da musa dos anos 1990 é usado em papéis pequenos ou em produções ingratas. Uma estrela que já trabalhou com Martin Scorsese, Francis Ford Coppola e com Tim Burton (na época que ele entregava bons filmes) poderia fazer bem mais que isso. Desses nomes que citei, talvez esse seja o que me deixa mais triste. Pegando carona no retorno de seu ex-colega de “Beetlejuice”, seria bacana vê-la voltando à cena à la Michael Keaton, não? Iñarritu, você está com a agenda livre?