Homens comuns, numa mesa de bar, disparam suas considerações sobre as mulheres e a vida – nessa ordem.

Esse é o ponto de partida para E Aí… Comeu?, novo trabalho de Felipe Joffily, do mediano Muita Calma Nessa Hora (2010). A empreitada, baseada em uma peça do escritor Marcelo Rubens Paiva, não vai muito além, ainda que a comédia seja eficiente e tenha momentos realmente divertidos.

O principal problema é a falta de foco da produção. O filme se alterna entre a vida dos três protagonistas, suas longas conversas de bar, e esquetes cômicos desnecessários, que mais parecem ter saído de um Cilada da vida – não à toa, Bruno Mazzeo é um dos personagens principais. Ele vive Fernando, que se separou há pouco da namorada (Tainá Müller) e não se conforma com esse desfecho; seus companheiros de mesa são Honório (Marcos Palmeira), que tem maior tempo de tela e a história mais interessante, sobre as dificuldades de um casamento “amornado” com Leila (Dira Paes, ótima como sempre); e Fonsinho (Emilio Orciollo Netto), escritor frustrado que só consegue se relacionar com mulheres casadas e prostitutas.

São arquétipos, o que não chega a ser um problema, e as situações cômicas exploram bem as possibilidades dos personagens. Os diálogos são ao mesmo tempo o melhor e o pior do filme. Ágeis, eles dão uma boa dinâmica às conversas de bar, que, afinal, são a base de toda a história, e algumas das tiradas são deliciosamente vulgares. Mas a maioria acaba recaindo em velhos clichês batidos da relação homem-mulher. Uma pena, pois, nos bons momentos, eles revelam um diferencial do filme em relação à produção de comédias nacionais.

Se vocês ficaram desconfiados ao ver Bruno Mazzeo e lembraram do horroroso Cilada.com, podem ficar tranquilos: E Aí… Comeu? não é uma chanchada como o antecessor, e seu propósito não é a apelação para obter o riso a qualquer custo.

Mesmo as palavras sujas dos personagens se encaixam bem no contexto dos diálogos, e o filme não tem o menor medo de soar politicamente incorreto.

Ao fim e ao cabo, E Aí… Comeu? se encaixa numa tradição tipicamente masculina da comédia nacional, explorando de forma cômica os anseios e neuroses dos homens na sua relação com as mulheres. O mote é aproveitado aqui com bons resultados, mas acaba soando falho pela incapacidade da trama de resolver a contento seus diferentes registros.

Dá margem a boas expectativas para um próximo filme, porém…

Nota: 7,0