A eleição do Conselho Municipal de Cultura de Manaus acontece no próximo dia 14 de julho. A cadeira do audiovisual é disputada por cinco profissionais do setor:  Liliane Maia, Michelle Andrews, Walter Fernandes Jr, Zê Leão e Zeudi Souza.

O Cine Set inicia a série de entrevistas com os candidatos, em ordem alfabética, nesta segunda-feira (10) com Liliane Maia:

Cine Set – Como tem sido a sua atuação no audiovisual amazonense nos últimos anos?

Liliane Maia – Se falarmos em audiovisual contando com televisão, eu comecei em 1985. Na TV Cultura, atualmente, sou diretora de produção há seis anos. Também fiz assessoria de comunicação, vídeos institucionais com a minha empresa. Agora, falando de cinema e vídeo, eu voltei para o banco de escola quando iniciou o curso da UEA em 2013 para poder estudar, me atualizar e também participar das discussões do setor. De lá para cá, eu comecei a ficar envolvida com editais junto com o pessoal que está produzindo audiovisual em Manaus, além de retomar contatos que eu tinha na área em outros Estados, como Pará e São Paulo. Trabalhei em uma produção francesa rodada aqui na região há seis anos, fiz parte da equipe de uma série paulista “Habitat” que ganhou prêmio da TV América Latina. Como diretora, fiz o curta selecionado para o último Amazonas Film Festival, “Noçoken”, e a série “Blog da Mari”, contemplada no Prodav 8.

Cine Set – Como você avalia o trabalho do Concultura nos últimos anos?

Liliane Maia – Eu acho que o Conselho esteve muito fechado em si mesmo, muito ensimesmado. O Concultura pouco se divulgou para fora e também as pessoas, de todas as artes, pouco tentaram procurar saber o que estava acontecendo. Isso mesmo com as reuniões sendo abertas. Eu vim a acompanhar mais nestes últimos dois anos quando a gente ajudou a eleger o Paulo César Freire. Fiz esta cobrança em cima dos meninos: cara, a gente tem que pegar e divulgar isso mais para saber o que está acontecendo lá dentro. Foi aí que a gente começou a estudar a Lei Municipal de Incentivo à Cultura, ver o que tinha de fazer até chegar na Câmara Municipal. Acredito que ainda há bastante coisa para fazer, pois, tem muitas coisas em linhas gerais.

Cine Set – Para você, quais os maiores problemas enfrentados pelo audiovisual aqui em Manaus?

Liliane Maia – Do jeito que os editais estão postos, as pessoas precisam se profissionalizar. Os editais, em 99% das vezes, estão abertos para produtoras independentes, ou seja, para quem tem uma empresa, portfólio e currículo. Isso é uma coisa muito recente. Antes, como nos Filmes do Minuto ou no Amazonas Film Festival, eram mais pessoas físicas, cada um batalhava muito sozinho naquele lema: ‘uma câmera na mão e uma ideia na cabeça’. Com a política do Ministério da Cultura, da Ancine e a criação do Fundo Setorial do Audiovisual, as pessoas começaram a se ligar e ver a necessidade da profissionalização. Ainda acho que carecemos muito de qualificação. As produtoras precisam dos profissionais locais, sendo que estes necessitam se qualificar mais e investir em si próprios. A última leva do Prodav 8 mostra bem isso: faltou gente para trabalhar nos projetos. Teve pessoas que chegaram a fazer dois projetos ao mesmo tempo.

Cine Set – Quais são seus planos caso seja eleita conselheira do audiovisual no Concultura?

Liliane Maia – Muito do que foi colocado no Pacto Pela Cultura é preciso como, por exemplo, a interdisciplinaridade e a importância do diálogos das mais diversas áreas artísticas. Porém, fundamentalmente, precisamos ficar de olho na Lei Municipal de Incentivo à Cultura, aprovada recentemente, e no Fundo. A principal missão dos conselheiros que entrarem agora é contribuir e sugerir pontos desta regulamentação. Porque isso é o que vamos ter de mais concreto pelos próximos 10 anos para que muitas produtoras e profissionais independentes da área consigam realizar seus projetos. O Conselho não pode ter apenas experiência artística: os conselheiros precisam estudar, por exemplo, como se formata um edital até para que possam avaliar futuramente.

Cine Set – Como você pretende manter um canal de comunicação com a classe caso seja eleita?

Liliane Maia – O contato será feito, basicamente, pelas redes sociais. Tem o Fórum do Audiovisual (página do Facebook com 210 membros do setor no Amazonas), especificamente no caso do audiovisual e já estabelecido. Penso que a cada reunião do Conselho, seja ordinária ou extraordinária, o conselheiro precisava fazer algo semelhante a uma ata, mesmo que não oficial, informando sobre o que aconteceu para poder dar a publicidade ao que ocorre lá e tentar trazer as pessoas para participarem. Um conselheiro sozinho não vai adiantar muita coisa.