A eleição do Conselho Municipal de Cultura de Manaus acontece no próximo dia 14 de julho. A cadeira do audiovisual é disputada por cinco profissionais do setor:  Liliane MaiaMichelle Andrews, Walter Fernandes Jr, Zê Leão e Zeudi Souza.

O Cine Set segue a série de entrevistas com os candidatos, em ordem alfabética, nesta quinta-feira (13) com Zeudi Souza:

Cine Set – Como tem sido a sua atuação no audiovisual amazonense nos últimos anos?

Zeudi Souza – Comecei no audiovisual em 2005 com o Júnior Rodrigues (Zê Leão). Em 2010, eu ganhei o Amazonas Film Festival com o curta “Perdido” e, no ano seguinte, lancei o documentário sobre o Vivaldão, “Colosso do Norte”. Em 2012, fui para Cuba fazer um intercâmbio graças à Secretaria de Estado de Cultura do Amazonas, estudando na Escuela Internacional de Cine y Televisión. De lá para cá, venho colaborando em produções locais como preparador de elenco, roteirista e diretor. Esse ano, irei lançar dois trabalhos: “No Rio das Borboletas” e o documentário “Nossa Senhora do Carmo”.

Cine Set – Como você avalia o trabalho do Concultura nos últimos anos?

Zeudi Souza – A gente sempre soube que tem um conselho, eles avançaram em muitas coisas, mas, particularmente, acho que deixaram a desejar no quesito da informação à classe. Temos informações muito pontuais do Concultura: a lei x, y, ali, acolá…, mas, isso não tem uma abrangência maior. Eu mesmo não consigo saber o que está se passando lá. Os próximos conselheiros eleitos precisam abrir este processo mais. Não é o ‘clube do bolinha’ e sim um conselho onde você está representando uma classe, a cultura da cidade. Precisa-se abrir o diálogo com todos e não apenas para A, B ou C.

Agora, é inegável o avanço alcançado pelo Conselho em relação à Lei Municipal de Incentivo à Cultura.

Cine Set – Para você, quais os maiores problemas enfrentados pelo audiovisual aqui em Manaus?

Zeudi Souza – O primeiro problema é unidade. Se a gente consegue ter um pensamento único do audiovisual, conseguiremos avançar muito mais. Isso independente de ideologias, formas, se eu faço vídeo-arte, cinema de verdade, curta ou longa. Quando começarmos a pensar nesta unidade do audiovisual, iremos ter um lugar de ocupação e, consequentemente, de produção. É o estar na cidade, ocupar a cidade e trabalhar com isso.

Hoje, infelizmente, temos as coisas muito quebradas. A produção A não dialoga com a produção B. É como se o ‘clube do bolinha’ se reunisse e não chamasse ninguém da área. Isso é uma problemática porque quando vamos pensar a unidade de produção, fomento, ou seja, a unidade do audiovisual, pouco acontece. Quando você vê outros estados, independente se o sujeito é PT ou PSDB, todos sentam e discutem o setor. Porque o que for bom para um será bom para todos. Temos que pensar como indústria e o que queremos para nossas vidas.

O segundo problema são os editais que são muito defasados. Eles pontuam um valor, mas, não há diálogo com os profissionais para explicar como se chegou a esta quantia.

As duas situações convergem quando, devido à falta de unidade, não há força para dialogar com os órgãos públicos e apontar, por exemplo, que um edital de R$ 10, 20 mil não é mais viável para quem deseja fazer um bom trabalho no audiovisual. Essa falta de consenso gera vozes dissonantes e as autoridades acabam não ouvindo ninguém.

Cine Set – Quais são seus planos caso seja eleito conselheiro do audiovisual no Concultura?

Zeudi Souza – Eu gostaria de trazer todos da classe para o diálogo. Sou um cara que prezo muito pela diplomacia. Neste primeiro momento, a ideia será trazer e ouvir todos. Eu não sou o Zeudi do grupo A, B, C, do Fórum: eu sou o Zeudi da classe, que curte o audiovisual, que gosta de fazer cinema, que gosta de saber o que está rolando na cidade, que gosta de ver e fazer os curtas. Não serei a pessoa a fechar o diálogo se estiver no Conselho.

Acho que uma das primeiras coisas que se deve fazer é convocar todos para ter uma unidade. A partir daí, conseguiremos encarar outras frentes e bater de frente de forma diplomática.

Considero também que o papel do conselheiro não é estar apenas presentes às reuniões, mas, também mostrar  às instituições públicas de que há uma unidade na classe e que precisa ser ouvida.

Cine Set – Como você pretende manter um canal de comunicação com a classe caso seja eleito?

Zeudi Souza – Atualmente, nós temos o Fórum do Audiovisual. Ele é uma ferramenta com um número expressivo de membros. Mas, este não será o único meio de comunicação. Sinceramente, ainda não pensei de que forma será instituído esse canal. É uma coisa a se pensar. Vou pensar em uma plataforma em que todos sejam contemplados e siga passo a passo o que pensamos em conjunto.

Acharia muito desconfortável estar dentro de um conselho e tomar certas atitudes como se fossem minhas sem ouvir a classe.