Com aquele jeito quieto, paciente e atento, o mestre Gilberto Gil foi a grande presença na coletiva de imprensa de “Em Casa com os Gil”, série documental com tons de reality produzido por Andrucha Waddington (“Sob Pressão”). Juntamente com os dois, Preta, Bela e Bem Gil (os filhos) e Malu Miranda, da Amazon Studios, representavam esse grande projeto desta grande família. 

Os cinco episódios são uma espécie de retiro familiar dos Gil para colocar em ação uma ideia sugerida por uma de suas rebentas, Preta: uma turnê em família pela Europa. A ideia dos episódios, aliás, era documentar esse momento família/trabalho/viagem. A pandemia, porém, atrasou os planos: “Programamos uns anos atrás antes da pandemia, mas aí chegou e impediu que fizéssemos esse trabalho de juntar todo mundo, filhos, netos, amigos, colaboradores, etc., e sair cantando por aí pela Europa”, diz o mestre Gil. A pandemia, certamente, foi e está sendo um dos períodos mais tristes do nosso tempo, porém, a vida continua seu fluxo de continuidade”, como ressalta Andrucha, o mais entusiasmado na coletiva. “A gente usou esse momento de pânico do mundo onde tudo parou para ir nesse confinamento em Araras, onde surgiu essa primeira temporada, mistura de documentário com reality”. 

Com uma família imensa como os Gil que abrange Gilberto, Flora, filhos, netos, bisnetos, cônjuges, todos reunidos em um só lugar, na companhia da equipe da Conspiração Filmes, a emoção e conflitos tomam conta, especialmente quando se trata de expor a família para todo o Brasil e mundo afora. “Eu me sinto membro da família; o Gil é quase meu pai, meu irmão mais velho, meu irmão tricolor. A gente já é parceiro há quase 30 anos”, disse Waddington. 

Preta Gil, a nossa Kim Kardashian (ela brinca com esse fato no primeiro episódio) aproveitou o ensejo para elogiar a equipe da produção. “O Andrucha foi muito feliz em escolher uma equipe que se camuflou junto com a nossa família. Não sabíamos quem era quem, as câmeras ficaram escondidas dentro da nossa convivência, onde a gente agiu da forma mais natural possível. Acho que todo mundo se sentiu literalmente em casa e isso foi da forma mais delicada editada pelo Sérgio Mekler. Tivemos um convívio absolutamente natural do que é o nosso dia a dia, com conflitos sim”.


E quais os desafios para nessa nova etapa de Gilberto Gil às portas de completar 80 anos? “O desafio foi exatamente esse: ter alguma coisa que fosse palatável no sentido contemporâneo da imagem, da televisão, do documental, do filme, dessas coisas todas”. Para Preta, o clã Gil é diverso, há diversidade no DNA desta família grandiosa, mista e com múltiplos talentos. Bem e Bela reafirmaram a importância da identidade, particularidade de cada um dos novos membros da família que se sentem inspirados por primos, irmãos, e não apenas o avô pilar da música e cultura brasileira. E essa é toda a graça da família Gil: abraçar o amor, o respeito e individualidade de cada um. “Uma família que dá uma aula para o Brasil sobre aceitação, sobre amor, sobre tudo”, diz Andrucha. “Uma família verdadeira, real”, finaliza Gil. 

Ao fim, Andrucha pede uma salva de palmas para os jornalistas que lá estiveram nessa coletiva, em formato virtual, resquícios da pandemia, nesse momento tão cruel para o audiovisual brasileiro e na resistência em fazer/cobrir arte e cultura nesse país. É, Andrucha, todos nós merecemos uma salva de palmas, a família Gil e seu “rei Nagô” como bem disse a equipe envolvida, nós, os jornalistas e todos aqueles que ainda acreditam no poder da arte como mudança salvadora. 

“Em Casa com os Gil” tem direção de Andrucha Waddington, Pedro Waddington e Rebeca Diniz e estreia dia 24 de junho na Prime Video (Amazon).