O Cine Set prossegue com as entrevistas dos candidatos à Prefeitura de Manaus nas eleições 2020 com o Capitão Alberto Neto.
O candidato do Republicanos tenta chegar pela primeira vez à Prefeitura da capital. Ficou conhecido pela atuação como capitão na Polícia Militar do Amazonas, sendo eleito com 107 mil votos para deputado federal, em 2018. Lidera a chapa ‘Aliança por Manaus’ e traz Orsine Jr como vice.
Conforme estabelecido junto a todas as chapas, as perguntas são idênticas para todos os candidatos e feitas na mesma ordem.
Cine Set – Qual deve ser o papel do Estado no setor cultural e qual será o foco da sua gestão no setor?
Capitão Alberto Neto – A Prefeitura de Manaus tem que investir na cultura da nossa cidade. Ela gera emprego e renda para a população. Temos diversos festivais que precisam ser organizados. A Prefeitura deve entrar com a infraestrutura e, em contrapartida, terá o evento, as atrações, um comércio no local.
Por exemplo, as danças de quadrilhas dos bairros envolvem geração de emprego das costureiras aos músicos da cidade passando pelas equipes que trabalham com som até os vendedores de alimentos. Olha a quantidade de pessoas de diferentes setores envolvidas apenas em um festival de quadrilhas. Tendo isso muito bem organizado com infraestrutura, podemos colocar estas festas no calendário da cidade. Assim, quando chegar a Manaus, o turista terá uma direção, eventos para conhecer a nossa cultura.
Aliar a cultura ao turismo gera emprego e renda. A Prefeitura tem que ser parceira das entidades culturais; esse será o nosso principal foco.
Claro que vamos divulgar mais os nossos museus, colocando técnicos para fazermos eventos maiores. A Prefeitura tem que fomentar sim a cultura. É de nossa responsabilidade, não podemos virar as costas, especialmente, em um período como este de pandemia em que tivemos artistas que até fome passaram.
Cine Set – Como tornar a Lei Municipal de Incentivo à Cultura mais eficiente?
Capitão Alberto Neto – Temos que ter um secretário atuante com aval do prefeito colocando recursos na cultura. Pretendemos chamar as entidades que já trabalham no setor e mostrar que queremos realizar algo organizado, bonito, com um calendário anual e a participação da Prefeitura. Tenho certeza que, quando você dá as condições mínimas para esses eventos, nossa cidade será mais bonita, mais alegre e isso influenciará na geração de emprego e renda.
Quero deixar um recado para você que é artista ou com algum envolvimento no setor cultural: você terá um prefeito que entende que estes eventos são importantes para a nossa cidade, mostrando a cara de Manaus.
Cine Set – Como a Prefeitura pode estimular a iniciativa privada a apoiar e investir na cultura local?
Capitão Alberto Neto – Eu acredito em uma administração pública moderna focada em Parcerias Público-Privadas.
Vou dar um exemplo pitoresco que não chega a ter relação direta com a cultura, mas, serve para ilustrar: temos uma parada de ônibus na Ponta Negra que custou R$ 207 mil feita pela Prefeitura; já uma empresa privada construiu outra parada, na Constantino Nery, muito melhor, com ventilador, TV por R$ 26 mil, ou seja, aliou uma boa obra com um bom serviço. Logo, colocar a iniciativa privada junto com a administração pública pode ser sinal de eficiência.
Vamos utilizar estas parcerias para que, por exemplo, as empresas do Polo Industrial divulguem e fomentem a cultura do Amazonas. Já estamos cansados destes investimentos em preservação ambiental onde o homem é deixado de lado. Investir na cultura é investir no ser humano.
A Prefeitura terá que iniciar este processo e trazer a iniciativa privada para os investimentos culturais na nossa cidade. Em contrapartida, a marca será divulgada assim como ressaltado que a empresa está cuidando da Amazônia e do nosso povo. Há um potencial gigantesco mal aproveitado e cabe ao prefeito de Manaus liderar este novo processo.
Cine Set – Como a Prefeitura pode ajudar a descentralizar as atividades culturais para que elas cheguem nas regiões periféricas, especialmente, nas zonas norte e leste da capital?
Capitão Alberto Neto – Temos que trabalhar de maneira descentralizada; é assim que a Política Nacional da Cultura é feita. Vamos trabalhar em parceria com entidades históricas, sérias já existentes nos bairros como, por exemplo, tem no Jorge Teixeira, mas, que estão abandonadas.
Vamos provar, mais uma vez, que a união do processo e dos eventos culturais, o desenvolvimento do setor junto com o turismo é sinal de geração de emprego e renda com uma cidade bonita e alegre capaz de recepcionar bem os nossos visitantes. Vamos ter uma Manaus com muitos eventos a partir do fim da pandemia.
Cine Set – Políticas de editais públicos para o setor cultural como, por exemplo, “Conexões Culturais” e arranjos regionais em parceria com a Ancine, serão mantidas? Se sim, como poderão ser aprimoradas?
Capitão Alberto Neto – Teremos parcerias com o governo federal e criaremos equipes para vermos como aderir a estes editais. Nota-se pela cidade um trabalho feito pelos artistas com muita vontade, coragem de criar um evento, mobilizando os moradores da região, mas, há muito desconhecimento sobre a nossa legislação e observa-se um certo amadorismo neste sentido.
Existe recurso do governo federal, municipal até internacional cabendo à Manauscult ser o órgão técnico para fazer com que se consiga aderir e atrair patrocinadores para estes eventos.
Cine Set – Artistas amazonenses quando precisam realizar atividades formativas ou cursos, mesmo de curta duração, muitas vezes, precisam sair de Manaus para fazer estas atividades, pois, elas não existem por aqui, sendo inviável para muita gente. Como a Prefeitura pode contribuir neste aspecto formativo do setor?
Capitão Alberto Neto – Existe um grande potencial na nossa cidade e precisamos trabalhar em cima disso. E quem trabalha é o homem. Logo, necessitamos investimento no ser humano, na questão técnica, trazer profissionais de outras regiões. Temos grandes artistas, grandes cineastas.
Também necessitamos trabalhar isso nas universidades e nas escolas como parte do currículo. Desta forma, o jovem já pode descobrir, desde cedo, que existe um mercado cultural profissional. Acredito sim que a Prefeitura possa fomentar, através de investimentos e bolsas, formas dos artistas se desenvolverem. Não estamos usando todo o potencial que temos.
Cine Set – O senhor pretende ter uma secretaria ou fundação destinada exclusivamente à cultura ou ela estará associada junto a algum outro setor? Por quê?
Capitão Alberto Neto – Precisamos tornar a gestão eficiente e integrar mais o sistema para reduzir os custos, sobrando mais dinheiro para investimento. Por isso, eu vejo com bons olhos atrelar a cultura com o turismo. A ideia é dar continuidade à Manauscult com mais apoio.
Vamos transformar esta secretaria em prioridade, não sendo mais deixada de lado. Com uma administração moderna e eficiente, o processo cultural será transformado em algo mais arrojado, vistoso e ligado ao turismo.
O importante, nesse processo, é a gente avaliar junto com o setor se a política está funcionando a contento.
Cine Set – O senhor conhece alguma obra do cinema amazonense? Já assistiu? Tem algum que o senhor mais gosta?
Capitão Alberto Neto – Venho pesquisando, inclusive tenho um amigo cineasta, o Reginaldo, que tem me mostrado a potencialidade do nosso Estado e da capital, e soube que teve algumas obras no passado que ganharam o mundo. Soube também que artistas, cineastas famosos já vieram para cá e como isso gerou empregos na cidade.
O que eu consegui estudar sobre o cinema do Amazonas foram os documentários bem reconhecidos, entre eles, os filmes do Sérgio Cardoso. Acredito que o cinema é uma forma de divulgar nossa cultura, cidade e Estado.