A primeira cobertura do Cine Set fora do Amazonas chega ao fim com a análise de 22 filmes.

Você confere agora as resenhas dos últimos filmes vistos na Mostra de São Paulo.

Ana Arábia

Não há como falar do novo filme de Amos Gitai sem aplaudi-lo por realizar uma obra de 81 minutos em único plano-sequência. A escolha ousada ajuda a compor o cenário melancólico e pacato dos personagens inseridos na trama. A possibilidade de coexistência pacífica entre árabes e judeus carrega a principal bandeira do longa, porém, a panorâmica em direção aos céus como uma súplica pela paz demonstra a chance real do fato se concretizar. /NOTA:7,0

Todos os Dias

O diretor Michael Winterbottom decidiu filmar o drama de uma família com pai preso ao longo dos últimos cinco anos. O desgaste na relação entre os envolvidos e o envelhecimento de cada um dos atores expõe bem as consequências danosas da falta da figura paterna. Porém, o cineasta responsável por obras como “Código 46” e “O Preço da Coragem” exagera na trilha melosa e feita para chorar, além de exceder no foco dados aos dois meninos mais fofinhos dos irmãos, sendo que a garota mais velha quase não aparece. Se fosse menos piegas, seria um grande filme. Entre dramas familiares, prefira “Terra de Sonhos”, de Jim Sheridan. /NOTA:6,5

Pais e Filhos

Vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Cannes, este filme japonês traz a clichê história da troca de bebês na maternidade. Para não ser mais do mesmo, o diretor Hirokazu Kore-Eda opta no jogo de contraste entre os pais dos garotos para dar identidade a obra: desde o penteado à forma de brincar com as crianças, passando pela jeito de segurar o hashi ou a cor das roupas, tudo é colocado para ilustrar como os filhos acabam sendo moldados pelos genitores. Com um grupo de crianças encantadoras e um cuidado na condução das sequências, “Pais e Filhos” emociona o público sem ser piegas, mesmo não longe do brilhante. /NOTA:7,0

Amazônia Desconhecidda

Produzido durante dois anos, o documentário busca mostrar o panorama sócio-econômico em que se encontra a Amazônia. O desmatamento para a pecuária no Pará e a urbanização desenfreada de Manaus, além da importância ambiental da região, são colocadas durante a projeção com entrevistas de apoio de especialistas do tema, como o cientista Philip Fearnside. O principal problema de “Amazônia Desconhecida” é não apontar soluções para a região, sendo apenas uma apresentação para gente que não conhece o maior patrimônio natural do planeta. /NOTA:7,0

O Uivo da Gaita

Há dois tipos de público para “O Uivo da Gaita”: o interessado em ver Mariana Ximenes e Leandra Leal em cenas sensuais ou o sujeito que vai por causa do filme. Para o primeiro: as atrizes estão lindas e as sequências são bem dirigidas. Já a obra traz o tom experimental do projeto “Operação Sônia Silk”, o qual possui a mesma equipe para produzir três longas-metragens. O divórcio entre som e imagem ressalta o desencontro emocional dos personagens, enquanto a câmera de Bruno Safadi (diretor e roteirista) se mantém inconstante para colocar o espectador neste ambiente quase doentio vivido pelo trio de protagonistas. /NOTA: 7,0

Cidade de Deus – 1o Anos Depois

Se ” Cidade de Deus”  foi um impacto no cinema brasileiro, imagina na vida de quem participou do filme de Fernando Meirelles. Formado por jovens de favelas no Rio de Janeiro, o elenco seguiu diversos caminhos ao longo desta década. Se Alice Braga e Seu Jorge conseguiram êxito mundial, outros integrantes da película não tiveram a mesma sorte. Histórias de desavenças familiares e envolvimento com o tráfico de drogas e roubos estão presentes neste documentário. O sonho, porém, de voltar a atuar mesmo contra todos os preconceitos voltados aos negros no Brasil e a própria realidade ainda faz parte da rotina dos agora adultos. /NOTA:7,5