“On Body and Soul”, da diretora húngara Ildikó Eneydi, foi o grande vencedor do Urso de Ouro, considerado o prêmio máximo do Festival de Berlim, neste sábado (18).

O longa, definido como uma tragicomédia romântica, superou outros 17 concorrentes, dentre eles o brasileiro “Joaquim”, de Marcelo Gomes –que narra o período em que Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, toma consciência dos problemas sociais ao seu redor.

A 67ª edição da Berlinale, o primeiro dos grandes festivais de cinema do ano na Europa, apresentou quase 400 produções internacionais ao longo dos 10 dias de exposição, mas apenas dezoito filmes disputaram o prêmio máximo, o Urso de Ouro.

Urso de Ouro (curta-metragem)

O filme português “Cidade Pequena”, de Diogo Costa Amarante, levou o prêmio de Urso de Ouro na categoria curta-metragem. O filme conta a história de Frederico, sobrinho do realizador, e as aprendizagens escolares sobre o corpo humano.

No momento do discurso, Amarante agradeceu à família e à equipe da Berlinale, “a mais acolhedora” que existe, segundo ele.

O curta superou o brasileiro “Estás Vendo Coisas”, de Bárbara Wagner e Benjamin Burca, que concorria na mesma categoria.

Outros premiados

O grande prêmio do júri foi dedicado ao franco-senegalês “Felicité”, de Alain Gomis, que narra a história de percalços enfrentados pela mãe para pagar o tratamento do filho.

O austríaco Georg Friedrich, de “Helle Nächte”, levou o Urso de Prata na categoria “Melhor ator”, e Kim Minhee, de “On the beach at night alone”, na de “Melhor atriz”. Já Aki Kaurismäki, de “The Other Side Of Hope”, ficou com o prêmio de “Melhor diretor”.

O filme chileno “Uma mulher fantástica”, que configurava entre os favoritos para o Urso de Ouro, ficou com o “Melhor roteiro”. “Istiyad Ashbah” foi eleito o “Melhor documentário original”.

Brasil no Festival

O cinema brasileiro contou com a participação de 12 filmes no Festival, e concorreu nas duas principais categorias: a competição principal, com “Joaquim”, do diretor Marcelo Gomes, e a competição de curtas-metragens, com “Estás Vendo Coisas”, de Bárbara Wagner e Benjamin Burca.

O Brasil venceu o Urso de Ouro no Festival de Berlim apenas em duas ocasiões: em 1998, com “Central do Brasil”, de Walter Salles, e em 2008, com “Tropa de Elite”, de José Padilha.

Mais cedo, o filme brasileiro “Pendular”, da carioca Julia Murat, foi eleito pela Federação Internacional dos Críticos de Cinema (Fripresci) como o melhor filme da mostra Panorama (que é uma categoria paralela) do Festival de Berlim 2017.

Os críticos elogiaram a “excelente qualidade visual” e “força narrativa” do filme. Co-produção Brasil, Argentina e França, o longa aborda o relacionamento entre uma dançarina e um escultor boêmios à beira da meia-idade.

O Brasil esteve em peso na Panorama, mas não ganhou mais nenhum prêmio. Além do filme de Murat, foram exibidos “No Intenso Agora”, primeiro filme do documentarista João Moreira Salles (de “Santiago”) em dez anos; “Vazante”, estreia solo de Daniela Thomas; “Como Nossos Pais”, de Laís Bodanzky; e o curta de animação “Vênus – Filó, a Fadinha Lésbica”, do mineiro Sávio Leite.

Júri Independente

Entre os prêmios de júri independente, “On Body and Soul” já havia levado a maior quantidade de prêmios: os da crítica, do júri ecumênico e também do jornal “Berliner Morgenpost”.

Veja os ganhadores a seguir:

– Urso de Ouro de melhor filme: “On Body and Soul”, Ildiko Enyedi (Hungria)

– Urso de Prata (Grande prêmio do Júri): “Félicité”, Alain Gomis (França, Senegal, Bélgica, Alemanha, Líbano)

– Urso de Prata de melhor diretor: Aki Kaurismaki por “The other side of hope” (Finlândia, Alemanha)

– Urso de Prata de melhor atriz: Kim Min-hee por “On the beach at Night Alone”, de Hong Sang-soo (Coreia do Sul)

– Urso de Prata de melhor ator: Georg Friedrich (Áustria) por “Bright Nights”, de Thomas Arslan (Alemanha, Noruega)

– Urso de Prata de melhor contribuição artística: “Ana, mon amour”, de Calin Peter Netzer (Romênia, Alemanha, França)

– Urso de Prata de melhor roteiro: “Una mujer fantastica”, de Sebastian Lelio (Chile, EUA, Alemanha, Espanha)

– Prêmio de melhor documentário (novidade 2017): “Ghost Hunting”, de Raed Andoni (Palestina)

– Prêmio de Melhor primeiro filme: “Summer 1993”, de Carla Simon, Espanha

– Urso de Ouro de melhor curta-metragem: “Cidade Pequena”, de Diogo Costa Amarante (Portugal)

– Urso de prata de curta-metragem: “Ensueño en la Pradera” (Sonho na Pradaria, em tradução livre), de Esteban Arrangoiz Julien (México)

– Prêmio Alfred Bauer em memória do fundador do festival para um filme que abre novas perspectivas: “Spoor”, de Agnieszka Holland (Polônia, Alemanha, República Checa, Suíça, Suécia, Eslováquia)