Mais uma viva para Mahershala Ali! O grande ator americano, que já havia conquistado o Oscar de Melhor Coadjuvante por sua sensível performance em “Moonlight: Sob a Luz do Luar” (2016) começa a construir mais uma trajetória vitoriosa com seu trabalho em “Green Book: O Guia”.

Na pele de Don Shirley, um pianista de jazz e música clássica que percorre o sul marcadamente racista dos Estados Unidos ao lado de seu motorista, Tony (Viggo Mortensen), Ali entrega um trabalho especialmente afinado com o momento social turbulento dos Estados Unidos, onde sucessivos ataques a civis negros e os protestos do movimento Black Lives Matter estimulam a reflexão sobre a presença ainda abundante do racismo na vida americana.

As expectativas para o filme de Peter Farrelly no Oscar são modestas, dado o peso que outras duas obras que discutem a questão racial nos EUA, “Infiltrado na Klan” e “Se a Rua Beale Falasse”, vêm tendo na corrida dos prêmios, mas o trabalho do elenco – Mortensen também vem conquistando bastante reconhecimento pelo filme – garante a possibilidade de “Green Book” ser lembrado na festa da Academia.

E, afinal, com ou sem novas láureas, fica a beleza agridoce do trabalho de Ali, que mostra mais uma vez o domínio perfeito da ironia e da sutileza na sua recriação da história de Shirley.