É justo dizer que nenhum prêmio no Globo de Ouro parecia tão óbvio e esperado quanto o de Melhor Filme Estrangeiro para “Roma”, do diretor mexicano Alfonso Cuarón. Tudo por uma razão simples: a qualidade do filme, que é simplesmente extraordinária.

História de uma empregada, Cleo (a sensacional Yalitza Aparicio), que trabalha para uma família de classe média na Cidade do México durante o regime militar daquele país, “Roma” é o melhor trabalho de Cuarón desde “E Sua Mãe Também” (2001), numa carreira onde não há filmes ruins, ou sequer medianos: suas últimas obras foram os fantásticos “Filhos da Esperança” (2006) e “Gravidade” (2013), com o qual Cuarón se tornaria o primeiro realizador latino-americano a ganhar o Oscar de Melhor Diretor.

A alquimia quase milagrosa do cineasta, que consegue misturar de forma sutil e aparentemente sem esforço o íntimo e o épico, a poesia e o realismo, a beleza mais sensível e a violência mais brutal, aliada à lindíssima fotografia em preto-e-branco (comandada pelo próprio artista) e ao trabalho impecável do elenco, fazem deste um dos melhores filmes de 2018 por qualquer critério.

“Roma”, aliás, já aparece cotadíssimo como um dos favoritos ao Oscar, mas a premiação no Globo de Ouro ajuda a aumentar as apostas para esta bela jornada ao passado empreendida por Alfonso Cuarón.