Jean-Luc Godard está em toda parte em Cannes neste ano, já que uma imagem de seu clássico da Nouvelle Vague, “O Demônio das Onze Horas”, decora o pôster do Festival Internacional de Cinema – mas o próprio não deu sinal de vida quando seu filme mais recente estreou nesta sexta-feira.

O diretor franco-suíço de 87 anos, reverenciado como lenda viva pelos cinéfilos, mas acusado por seu detratores de ser pretensioso e irrelevante, está competindo pela Palma de Ouro, o maior prêmio do festival, que ele nunca conquistou em seus quase 60 anos de carreira.

Tendo feito nome ao romper com as regras cinematográficas nos anos 1960 graças a uma edição incomum e personagens que se dirigem à câmera, ele sempre buscou a originalidade, mas com resultados variáveis.

“Le Livre d’Image” é uma colagem de trechos de filmes e imagens com uma narração muitas vezes conflitante como trilha sonora e diálogos que parecem abordar ideias filosóficas ou políticas que são interrompidas subitamente.

“Nenhuma atividade se tornará arte até sua época passar, e depois desaparecerá”, diz a voz de um idoso em francês.

Um auditório lotado acompanhou a première de um título que a revista Variety disse que se tornará uma instalação de arte ambulante – possivelmente um cenário melhor para “Le Livre d’Image”, já que permitirá que o espectador circule em um espaço de 500 a 600 metros quadrados para mergulhar em imagens e sons.

“Agora ele é como um semideus idoso que pode fazer o que quiser. Ele não está fazendo cinema tradicional”, opinou Michel Hazanavicius, que no ano passado apresentou “O Formidável”, cinebiografia intensamente satírica de Godard, em Cannes.

“Deveríamos colocá-lo na categoria de arte contemporânea. Ali é o lugar dele”, disse Hazanavicius, diretor de “O Artista”, em uma entrevista à IndieWire.

O Festival de Cannes vai de 8 a 19 de maio.

da Agência Reuters