“A Febre” pode até não ter conseguido a vaga brasileira para o Oscar 2021, porém, isso não significa que a produção de Maya Da-Rin ficará fora do circuito norte-americano. Distribuidora baseada no Brooklyn, a KimStim adquiriu os direitos do longa para os EUA. O filme, aliás, terá a primeira exibição em Nova York no mês de dezembro dentro do New Directors/New Films, festival organizado anualmente pela Film Society of Lincoln Center e o Museu de Arte Moderna de Nova York.
O filme é representado nos mercados internacionais pelo produtor francês Pierre Menahem, da empresa de vendas internacional Still Moving. No catálogo de longas comprados por ele nos últimos anos estão o francês “O que arde”, de Oliver Laxe, o documentário “Isto Não É um Filme”, de Jafar Panahi, o japonês “O Fim da Viagem, O Começo de Tudo”, de Kiyoshi Kurosawa, e “Jeannette: a infância de Joana D’Arc”, de Bruno Dumont.
Em cartaz nos cinemas brasileiros desde a última quinta-feira, 12 de novembro, “A Febre” narra a história de Justino, um indígena do povo Desana que trabalha como vigilante em um porto de cargas e vive na periferia de Manaus. Desde a morte da esposa, sua principal companhia é a filha Vanessa, que está de partida para estudar Medicina em Brasília. Com o passar dos dias, Justino é tomado por uma febre forte. Durante à noite, uma criatura misteriosa segue seus passos. Durante o dia, ele luta para se manter acordado no trabalho. Porém, sua rotina no porto é transformada com a chegada de um novo vigia. Nesse meio tempo, seu irmão vem de visita e Justino relembra a vida na aldeia, de onde partiu há mais de vinte anos.
Na estreia mundial, no Festival de Locarno, na Suíça, “A Febre” levou três prêmios: o Leopardo de Ouro de Melhor Ator para Regis Myrupu, amazonense natural de São Gabriel da Cachoeira, o prêmio da crítica internacional FIPRESCI e o prêmio “Environment is Quality of Life”. “A Febre” foi eleito ainda Melhor Filme em festivais na França, China, Argentina, Portugal, EUA, Uruguai, Chile, Peru, Alemanha e Espanha. No Brasil, o filme conquistou cinco candangos no 52º Festival de Brasília – Melhor Longa-Metragem, Melhor Direção, Melhor Ator para Regis Myrupu, Melhor Som e Melhor Fotografia – além dos prêmio de Melhor Direção e Prêmio Especial do Júri no Festival do Rio e Melhor Filme e Melhor Som no Janela Internacional de Cinema do Recife.