Em tempos de consolidação do streaming (se você esteve em uma caverna nos últimos tempos, segue uma breve definição: transmissão de dados online para distribuir conteúdo multimídia) como uma opção cada vez mais utilizada pelo público para acompanhar seus filmes e séries preferidos, a Netflix se tornou quase sinônimo dos serviços de vídeo sob demanda (VOD) aqui no Brasil: embora a empresa não revele seus números exatos de audiência nem sob decreto, em janeiro deste ano, o serviço já possuía mais de 75 milhões de usuários, segundo o co-fundador da companhia, Reed Hastings. Mas nem só de Netflix viverá o homem, e outras empresas já andam no encalço da mega-companhia, com seus próprios serviços de streaming. Se, nos EUA, o mercado anda a todo vapor, no Brasil ele ainda caminha a breves passos, mas já temos uma diversa gama de opções de serviços disponíveis no país, ainda mais com a queda das assinaturas de TV a cabo e o aumento gradual do alcance da internet banda larga. Para te ajudar a escolher qual é o melhor para você, o Cine Set preparou um pequeno guia útil dos serviços de streaming no Brasil. Confira a lista:

1. A “abelha-rainha”: Netflix

Já falamos da Netflix por aqui antes, logo quando o serviço começou a se popularizar, lá em meados de 2012/2013. Hoje, com a gigante do streaming cada vez mais poderosa, inclusive investindo em conteúdo próprio, vale a pena começar a lista por ela, para revermos o que mudou na plataforma desde então.

Custo: Logo que chegou ao Brasil, a Netflix tinha apenas um plano de assinatura mensal padrão, no valor de R$ 16,90. Hoje, os preços são mais altos: o plano básico, sem HD, sai por R$ 19,90, enquanto o padrão, com HD e possibilidade de duas telas simultâneas, sai a R$ 22,90. Já o plano premium, o mais caro, oferece filmes e séries em Ultra HD e quatro telas simultâneas, a R$ 29,90. Para qualquer um dos planos, o primeiro mês de uso é gratuito.

Acervo: O catálogo da Netflix é, de longe, um dos maiores do mercado, mesmo que sofra frequentemente com um entra-e-sai de filmes e séries. Em abril, segundo o blog não-oficial Filmes Netflix, o número superou a marca de 3.700 títulos. Claro que isso não quer dizer que se encontra de tudo por lá: filmes brasileiros ainda são poucos no acervo, até porque a Globo Filmes resiste em liberar seus longas; entre as opções, estão o recente Chatô, Tropa de Elite e Cidade de Deus. Para a galera “alternativa”, a lista de clássicos e cults ainda continua pequena, mas tem algumas obras essenciais do cinema norte-americano, como Taxi Driver, Janela Indiscreta e Sindicato de Ladrões. Cults como Drive, Cosmópolis e Oldboy também estão no acervo, assim como alguns lançamentos mais recentes – é o caso de Macbeth Olhos da Justiça.

O grande trunfo do acervo, porém, é sua dose de produções originais de sucesso: séries campeãs de audiência como Orange is the New Black, DemolidorJessica Jones e House of Cards dividem espaço com esforços caça-prêmios como o longa Beasts of No Nation e os documentários My Beautiful Broken Brain e What Happened, Miss Simone?.

Qualidade de reprodução, interface e mobilidade: Além da funcionalidade de poder voltar a assistir ao vídeo do ponto onde você parou, nesse meio-tempo no Brasil, a Netflix também incluiu outros recursos úteis, como a possibilidade de criar mais de um perfil dentro de uma mesma conta, a lista personalizada de títulos para assistir depois e melhorias no algoritmo que recomenda títulos baseados no gosto do usuário – com categorias específicas como “Filmes LGBT independentes” ou mais bizarras como “Bigodes famosos”, caso você tenha assistido Breaking Bad. Alguns problemas surgem lá e cá, como legendas mal traduzidas ou proporções de tela incorretas, mas o atendimento do serviço se destaca por estar sempre disponível. No quesito mobilidade, a transmissão é garantida em diversos aparelhos: smart TVs, Chromecast, Apple TV, consoles (PS3/4, Xbox 360/One), aparelhos de blu-ray e smartphonestablets com sistemas Android, iOS e Windows.

2. O oponente tupiniquim de peso: Looke

Se a Netflix parece anos-luz à frente dos outros serviços, o Looke chegou disposto a enfrentar a concorrente com todas as armas possíveis e brigar pelo pódio. Lançado em 2015, o serviço ainda não conseguiu se estabelecer bem como a abelha-rainha em termos de popularidade, mas já tem um grande diferencial: alia streaming a compra e aluguel de filmes digitais em um modelo híbrido, herdando parte do catálogo da finada Saraiva Digital, o que lhe permite ter lançamentos mais recentes que a oponente no acervo. E os planos de dominação mundial continuam: já fez parcerias com a Microsoft e comprou recentemente o NetMovies.com, pioneiro no Brasil no segmento.

Custo: O Looke oferece uma assinatura de streaming padrão no valor de R$ 18,90 ao mês. Porém, o usuário também pode selecionar filmes e séries avulsos, independentemente de ser assinante ou não, em valores que variam de R$ 2,90 a R$ 9,90 para aluguel e R$ 12,90 a R$ 45,90 (!) para compra. Para assinantes, o primeiro mês também é de graça.

Acervo: O Looke já vence no número total: são mais de 7.500 títulos, entre filmes, documentários, séries e até shows musicais. Desses títulos, lançamentos não são lá muito o forte do catálogo disponível a assinantes, mas podem ser adquiridos em compra ou locação a preços módicos, como é o caso de Mad Max: Estrada da Fúria, Jurassic World e Velozes e Furiosos 7. Em termos de disposição de gêneros, pelo menos para os assinantes, não há muita diferença do catálogo da oponente, mas o Looke também tem sua dose de surpresas para os cinéfilos: O Segredo dos Seus Olhos, A Vida dos Outros e Asas do Desejo são alguns deles. No segmento cinema nacional, pérolas trash como Inspetor Faustão e o Mallandro e Lua de Cristal estão entre os poucos itens. Séries também marcam presença, mas com um valor mais alto que nem sempre vale a pena: títulos conhecidos como Friends, Gossip Girl, The Vampire Diaries e E.R. – Plantão Médico têm o preço de R$ 3,90 cobrado por episódio, o que, no total de uma temporada, é quase equivalente ao preço de um box em DVD.

Qualidade de reprodução, interface e mobilidade: A interface é meio “quadrada”, mas simples e eficaz no que se propõe, dispondo barras de rolagem e divisões por gêneros dos filmes e seriados, reunindo agradabilidade e usabilidade. O Looke já está disponível também para smart TVs, sistemas iOS, Windows e Android, e apenas consoles Xbox, por enquanto. A dúvida fica só com a qualidade de reprodução: o site menciona apenas “qualidade de DVD, chegando a alta definição”, mas não disponibiliza maiores detalhes. Veremos.

3. O “0800”: Crackle

Criado originalmente com o nome de Grouper, a plataforma foi comprada em 2007 pela Sony, que a renomeou e “recriou” como o atual Crackle, uma rede de streaming completamente gratuita e multiplataforma, voltada a distribuir filmes e séries da própria Sony e parceiros como Columbia Pictures, TriStar e Screen Gems.

Custo: Cadastro único gratuito, fácil e rápido. Inconveniente: há comerciais antes da reprodução dos vídeos.

Acervo: A grande deficiência do Crackle é seu catálogo limitado em relação aos demais concorrentes. Uma olhada básica pelas séries de TV disponíveis revela apenas 17 títulos, nenhum deles de grande apelo; há mais opções de filmes, mas mesmo assim são poucas. Lançamentos são raros e muitos dos filmes são produções de baixo custo desconhecidas, separadas em gêneros básicos. Ação, comédia e drama são os campeões com mais opções, contando com filmes como Apenas Amigos, As Horas, Closer e Crash: No Limite. Já fãs de ficção científica e terror podem ficar decepcionados: A Epidemia, Astroboy (!), O Nevoeiro e REC são uns dos poucos filmes listados. Entre as surpresas do catálogo, há uma série de filmes de Woody Allen (Tiros na Broadway, Desconstruindo Harry, Trapaceiros, Poderosa Afrodite, Todos Dizem Eu Te Amo) e conteúdo original do Crackle, como as séries Chosen e Comedians in Cars Getting Coffee, criada por Jerry Seinfeld.

Qualidade de reprodução, interface e mobilidade: Para os entusiastas da alta definição, o Crackle também perde pontos em termos de reprodução: a resolução dos filmes varia apenas de 360p a 480p. Além disso, embora a maioria dos filmes esteja disponível em versão dublada e no idioma original, alguns estão sem legenda e outros apenas dublados. Pelo menos no quesito multiplataforma, o serviço leva a sério seu objetivo de expansão: é possível utilizar o Crackle em sistemas iOS e Android, consoles (Xbox e PS) e outros dispositivos como blu-rays e smart TVs. Quanto a recursos, um dos poucos extras é a possibilidade de montar uma lista do que você pretende assistir depois, tal qual na Netflix.

4. Para os amantes de clássicos: Oldflix

Se nenhum dos serviços até agora contempla os fãs de uma boa nostalgia, saudosos dos “velhos tempos”, o Oldflix, outro produto brasileiro, surgiu recentemente para atender a demanda. Infelizmente, mal entrou no ar, a plataforma já embarcou numa série de problemas: a partir de uma matéria publicada pelo Gizmodo, teve seu conteúdo hospedado no Vimeo derrubado, e conseguiu voltar ao funcionamento esta semana, mas já tendo que lidar com supostos problemas de usuários tentando burlar a assinatura. Resta saber quais vão ser os próximos capítulos dessa novela. Enquanto isso, demos logo uma olhadinha no que já tem por lá.

Custo: A assinatura mensal é no valor de R$ 14,90, mas, no momento, o site oferece uma promoção com mensalidade de R$ 9,90.

Acervo: Tanto para filmes quanto séries, o Oldflix leva a sério sua proposta de incluir somente clássicos no catálogo: há seriados como Jeannie é um GênioAlém da ImaginaçãoAgente 86A Mulher Biônica. Já os filmes são separados tanto por gênero quanto por década: anos 40 (A Felicidade Não Se Compra é uma das obras disponíveis), anos 50 (Intriga InternacionalLove Me Tender) e daí em frente até os anos 90 (com os cults DelicatessenBarton Fink – Delírios de Hollywood). Aparentemente, o título mais recente no acervo é Adaptação (2002), de Spike Jonze.

Qualidade de reprodução, interface e mobilidade: Nos primeiros testes, o player ainda deixa a desejar, com travamentos e bugs constantes durante a reprodução dos vídeos. Como o Oldflix menciona ainda estar em fase de testes, resta ver como a plataforma vai se desenvolver nesse sentido. A interface ainda precisa de melhorias também, e umas das maiores reclamações dos usuários já dizem respeito ao idioma dos títulos: muitos filmes e séries estão disponíveis apenas em versão dublada, sem opções de áudio original e legendas, como é o caso de Flash Gordon, por exemplo. Já no critério mobilidade, o Oldflix também ainda está em fase de desenvolvimento de aplicativos. Como é o mais novinho dos serviços, vale dar uma colher de chá e torcer por melhorias mais à frente.

5. A TV a um clique de distância: HBO Go, Telecine Play, Fox Play, TNT Go e Megapix

Nadando contra a corrente da queda de audiência, as operadoras de TV por assinatura também buscaram seu refúgio nas plataformas de streaming, disponibilizando suas séries, filmes e programas avulsos para o espectador poder assistir a qualquer hora. É o caso de HBOTelecineFoxTNTMegapix, todos com seus serviços próprios de VOD.

Custo: Em vez de uma assinatura mensal própria da plataforma, para acessar os serviços, basta ser assinante de um dos planos de TV por assinatura que incluam os canais em questão. Assim, é possível fazer login por meio da sua conta na SkyNet ou Claro TV, entre outras. Até o fim do ano, a HBO Go promete que lançará um plano de assinatura independente da TV a cabo para os usuários, nos moldes do que já existe nos EUA – mas ainda não há maiores informações sobre o preço que ele deverá ter por aqui.

Acervo: Nenhum dos catálogos em questão é muito amplo, e se limita às programações de cada canal. Alguns destaques ficam por conta, principalmente, dos seriados exclusivos da HBO, que só são exibidos na plataforma, já que a empresa não licencia seus conteúdos – é o caso de Game of Thrones, a recente Vinyl ou Família Soprano, para os interessados em rever a série clássica. Já para os amantes de esportes, o Fox Play é uma boa pedida, pois exibe jogos em transmissão ao vivo, além de séries queridinhas como American Horror StoryThe Walking Dead.

Qualidade de reprodução, interface e mobilidade: De maneira geral, as interfaces das plataformas são simples e com poucos recursos, embora algumas sejam um pouco mais eficientes do que as outras – caso da HBO Go e Telecine Play. O destaque negativo fica para o player do TNT Go, o mais precário de todos, com resolução baixa e propenso a travamentos, o que desestimula ainda mais assistir, visto o fraco catálogo. Já no HBO Go, um recurso interessante é o que permite acompanhar e receber notificações de episódios e extras novos de suas séries favoritas.

6. Locadoras virtuais: Google Play, iTunes Store, Sky Online e Net Now

O ato de ir a videolocadoras e passar horas escolhendo os filmes que você vai levar pra casa ganhou sua versão virtual com os serviços de compra e locação de filmes digitais, em que você basicamente faz o mesmo processo e passa horas escolhendo o que vai querer – mas tudo isso do sofá da sua casa. Seja na TV, PC ou dispositivos móveis, o Google PlayiTunes StoreSky OnlineNet Now são algumas das principais plataformas que se dedicam a esse serviço no país, numa opção além do streaming.

Custo: No caso do Google Play e iTunes Store, não há nenhum valor mensal a ser cobrado; basta criar um login nos serviços e partir pro aluguel, em valores que variam de R$ 4,90 a R$ 19,90 (Google) ou os mesmos valores, mas em dólares, no iTunes, sempre com preços mais salgados. Para compra, os preços ficam mais caros em ambas as plataformas, atingindo até cerca de R$ 49,90 por título. Já no caso da Sky Online e Net Now, é preciso ser cliente de uma das operadoras de TV por assinatura para ter acesso às opções do catálogo. Na Net, o valor varia de R$ 4,90 a R$ 9,90 (há casos do preço chegar a R$ 15 em filmes de pré-lançamento, quantia para lá de salgada).

Acervo: O grande destaque dos serviços de compra e venda de filmes digitais é o fato de que os lançamentos chegam antes. O arrasa-quarteirões Star Wars: O Despertar da Força, por exemplo, já pode ser comprado no Google Play, iTunes Store e Net Now, enquanto provavelmente vai levar um tempo ainda até chegar a algum serviço de streaming como a Netflix. Outros filmes mais recentes incluem O Bom Dinossauro007 Contra SpectreJogos Vorazes: A Esperança – O Final. Tanto o catálogo quanto as faixas de valores são bem parecidos com as opções das TVs – um dos destaques positivos da Net Now, no entanto, é a presença de alguns filmes nacionais e de cinema alternativo no acervo. A Net Now ainda disponibiliza as principais séries (Game of Thrones, Vinyl, The Walking Dead, Breaking Bad) e traz programas dos canais Globosat.

Qualidade de reprodução, interface e mobilidade: Com poucas exceções, principalmente no caso de filmes mais antigos, a maioria dos títulos é disponibilizado em HD/Full HD. Já em termos de mobilidade, o Google Play vence do iTunes, pois permite a reprodução em sistemas tanto Android quanto iOS, enquanto o outro se limita aos aparelhos da Apple. Quanto ao Net Now, o recurso de busca está escondido no final do menu, dificultando a vida do usuário.

Dica extra: JustWatch, a bússola dos streamings

Com tantas opções de serviço além da Netflix, fica difícil saber de antemão em qual dessas plataformas está disponível o filme ou série que você quer assistir. Se você está muito determinado a assistir seu filme preferido de uma forma completamente legal, para te ajudar, o JustWatch.com oferece uma busca simples que passa por diversos provedores (Netflix, Looke, Crackle, NetMovies.com, iTunes, Google Play, etc.) e indica em quais deles o título está disponível. Além disso, a ferramenta também compara os preços de cada título para locação ou venda nas plataformas, e te indica qual a melhor opção. Uma mão na roda para não ter que fuçar os catálogos um a um.


E então, faltou algum serviço de streaming na nossa lista? Deixe nos comentários para nós atualizarmos 😉