Hollywood está perdendo interesse para os chamados millenials, a tal “Geração Y” nascida a partir dos anos 1980? Na semana passada, o assunto voltou aos holofotes com um artigo da revista The Atlantic cuja tese de fuga dos jovens dos cinemas foi rebatida pela NATO, a associação nacional dos exibidores dos EUA.

De acordo com o relatório anual divulgado pela MPAA (Motion Picture Association of America) citado na revista, 10% da população americana representa 49% da venda de ingressos. Esta parcela está concentrada entre jovens de 18 a 39 anos, que juntos compõem 32% do total dos espectadores frequentes (pessoas que vão ao cinema pelo menos uma vez ao mês). Além da importância em termos de público, esta faixa também ganha relevância em termos de renda, já que é neste estrato que se encontram os principais consumidores de filme em 3D e grandes formatos, com ingressos mais caros.

O problema é que o estudo indica que os entusiastas de Hollywood estão ficando menos fanáticos a cada ano. Se por um lado os americanos com menos de 18 anos e aqueles com mais de 40 estão, de fato, assistindo a mais filmes do que costumavam assistir cinco anos atrás, por outro, a parcela demográfica mais importante para o mercado cinematográfico (jovens de 18 a 24 anos) está deixando de ir ao cinema mais rápido do que qualquer outro grupo. Em 2015, a queda nesta faixa etária foi de 18,6%, representando 1,3 milhão de espectadores a menos do que no ano anterior. Em 2011, o grupo era responsável por 6,6 milhões de espectadores, saltando para 8,7 milhões em 2012. Nos anos seguintes, porém, essa massa foi sofrendo sucessivas quedas, chegando aos 5,7 milhões de 2015.

De acordo com a The Atlantic, os jovens de 18 a 24 anos não estão necessariamente deixando de assistir a produções audiovisuais. Eles apenas migraram para outras plataformas e estão consumindo, de maneira diferente, (também) outros formatos de conteúdo, como os disponibilizados pela Netflix, o YouTube, Facebook e mesmo o Snapchat.

Exibidores rebatem

A NATO (Nation Association of Theater Owners), associação que representa os donos de cinema dos EUA, discorda dos resultados da pesquisa. Para ela, não há razão para os exibidores se preocuparem com a queda na adesão dos millenials.

Nesta semana, em discurso aos investidores numa conferência anual de exibidores, Patrick Corcoran, vice-presidente da NATO, afirmou que está tudo bem com a indústria. “Adolescentes e millenials continuam indo ao cinema mais do que a média geral do público”, disse. De acordo com Corcoran, as estatísticas divulgadas pela MPAA mostram uma diminuição do público jovem-adulto, mas essas estatísticas não corresponderiam à realidade, porque dependem em grande parte de pesquisas realizadas através de telefone fixo. “A geração mobile é incrivelmente difícil de alcançar dessa forma”, completou.

O vice-presidente da NATO disse ainda que outras pesquisas revelaram um crescimento de dois dígitos entre os millenials nos últimos cinco anos, e um aumento também no primeiro trimestre deste ano. Além disto, os filmes escolhidos por este público são considerados premium, ou seja, filmes com ticket mais caro (3D, IMAX etc.), o que garante uma boa fatia de renda desembolsada por esse grupo.

do site Filme B