Recebi a notícia da morte de Rubens Ewald Filho no meio da arrumação para o lançamento do livro do Cine Set pela Camila Henriques.
A correria e a preocupação em tudo dar certo impediram que o impacto da notícia fosse devidamente processada.
Passado todo o lançamento, a ficha começa a cair: o crítico de cinema mais popular e conhecido do Brasil nos deixou.
O cara dos guias de cinema repleto de dicas e informações preciosas sobre filmes.
O cara com uma memória invejável, sempre sabendo do nome das obras, dos atores, diretores, membros da equipe técnica.
O cara que vi na televisão quando criança, de manhã cedo, falando sobre cinema na Bandeirantes e eu ficava vendo sem entender ainda o motivo daquilo me interessar.
E, claro, o cara do Oscar desde 1985 na televisão brasileira.
Há quem torcesse o nariz para Rubens Ewald Filho por diversos motivos.
Alguns deles justos como, por exemplo, comentários inconvenientes, fora de qualquer análise cinematográfica, e implicâncias bastante pessoais.
Em um deles, ao falar sobre Daniela Vega, atriz de “Uma Mulher Fantástica”, custou a Ewald Filho a presença ao vivo no Oscar.
Esses deslizes, entretanto, não apagam a importância dele.
Rubens Ewald Filho conseguiu levar a crítica de cinema para um público além do cinéfilo.
O modo de explicar as técnicas do cinema e as qualidades de um filme era simples sem ser simplista.
Mesmo falando com um público amplo, Rubens Ewald Filho conseguia manter a acidez e o rigor crítico.
Muito menos tratava o espectador como um bobão, praga da TV atual para falar sobre qualquer assunto, inclusive, o cinema.
Apaixonado pelo cinema, foi muito além da crítica: foi curador dos Festivais de Gramado e Paulínea, além de ter trabalhado como ator e roteirista.
Em 2004, esteve em Manaus para o lançamento e sessão de autógrafos de “O Guia do DVD” durante o Amazonas Film Festival.
Integrante do Cine Set, Ivanildo Pereira conseguiu o exemplar e lembra da simpatia do crítico.
Rubens Ewald Filho deixa um legado fundamental para a crítica cinematográfica no Brasil e caminhos abertos para novas gerações falarem sobre cinema de modo acessível com inteligência e personalidade.