Existem filmes que não são particularmente memoráveis, não são nem mesmo grande coisa, mas servem como documento interessante de uma época e lugar. É o caso deste aqui.

Invasão à Casa Branca, que foi o título bobo que por aqui recebeu Olympus Has Fallen (“o Olimpo caiu”, que também é a fala de um dos personagens), mostra, de forma nada sutil, a apreensão que os Estados Unidos sentem diante da movimentação militar na Coreia do Norte, um país totalmente fechado ao mundo, comandado por um déspota beligerante e, conforme as últimas notícias, fora de si (Kim Jong-Il), mas dono de tecnologia suficiente para a fabricação da bomba atômica. Considerando que as filmagens aconteceram em julho do ano passado, ou seja, bem antes dos acontecimentos recentes, quando o país decidiu chamar à guerra a Coreia do Sul e os próprios Estados Unidos, Invasão… mostra que esse medo já tem raízes firmemente plantadas na consciência americana.

Infelizmente, o mote a que ele deu origem é dos mais toscos: Mike Banning (Gerard “Leônidas” Butler) era chefe da segurança pessoal do presidente dos Estados Unidos (Aaron Eckhart, cujo convite deve ter partido do seu trabalho como Harvey Dent em Batman – O Cavaleiro das Trevas) quando um incidente desastroso o afastou de suas funções. Do instante, porém, em que um grupo terrorista norte-coreano (vejam só) invade a Casa Branca, sequestrando os presentes, a tarefa de dar cabo dos malfeitores recai sobre – ora quem – o atormentado Banning.

Apesar da premissa absurda, o filme, dirigido por Antoine Fuqua (que tem precisamente um trabalho memorável, Dia de Treinamento, que deu o Oscar a Denzel Washington) se leva a sério, e investe no realismo das sequências de ação. Os combates, por sinal, são filmados com verdadeiro furor de sangue e explosões. Essa pegada “realista”, porém, trai uma influência direta: a série Duro de Matar – a original, dos anos 90, em que Bruce Willis inaugurava o tipo do herói mortal, comum, “alguém como você e eu” – tipo a que Fuqua e Butler, com o auxílio dos roteiristas Creighton Rothenerger e Katrin Benedikt, tentam ansiosamente remeter. Infelizmente, pros dois, Invasão saiu mais parecido com a série atual, com suas frases de efeito e situações exageradas. Nesse contexto, o ótimo elenco de apoio, com Ashley Judd (Possuídos), Morgan Freeman (Invictus), Melissa Leo (O Vencedor) e o próprio Eckhart, não faz mais do que servir de “escada” para as situações que irão se suceder. Fuqua, contudo, é seguro na condução desse material, e os fãs de filmes de ação devem encontrar muito com o que se esbaldarem.

Mas se você espera de um filme mais do que frases grandiloquentes, sequências de ação bem filmadas e um tom sentimental e patriótico – pra não falar do ponto de partida bizarro, no mínimo – Invasão à Casa Branca deve ficar mesmo – e tão somente – como um registro desse momento de tensão entre Barack Obama e Kim Jong-Il, na segunda década dos ‘00. Sei lá, já é alguma coisa.

Nota: 6,5