Com um estilo durão, Harvey Weinstein é um dos maiores produtores e conhecedores da indústria de Hollywood. Durante muitos anos, foi considerado um Rei Midas do Oscar: ele foi o cabeça das campanhas vencedoras no Oscar de filmes como “O Paciente Inglês”, “Shakespeare Apaixonado” e “O Tigre e o Dragão”, além de ter conseguido levar “Cidade de Deus” ao prêmio da Academia.

James Gray é um dos diretores mais autorais do cinema americano com dramas densos e intimistas. O cineasta traz na carreira os elogiados pela crítica “Amantes”, “Os Donos da Noite” e “Fuga Para Odessa”. Todos estes filmes, entretanto, com bilheterias modestas.

A união desses opostos não tinha como dar certo. A parceria já tinha apresentado problemas em 2000 quando Weinstein forçou Gray a mudar o final de “Caminho Sem Volta”. Os dois voltaram a se encontrar em “Era uma Vez em Nova York”, drama de época estrelado por Marion Cottilard, Joaquin Phoenix e Jeremy Renner. Porém, desta vez, o diretor venceu a batalha.

Segundo Gray, os investidores do filme venderam os direitos comerciais para Harvey Weinstein sem o conhecimento do diretor. “Eu achava que ele não iria querer o filme e que não gostaria dele. Cheguei a dizer que era uma péssima ideia, mas, não havia nada que pudesse fazer”, afirmou em entrevista ao jornal The Telegraph. A estreia do longa aconteceu no Festival de Cannes, onde obteve uma recepção morna.

Mirando a temporada de premiações em Hollywood, Weinstein entrou em campo para sugerir mudanças no filme. O produtor solicitava a redução da duração e alterações no final do longa. James Gray, então, ficou entre duas opções:

  • “mudava meu filme e, na minha cabeça, o destruiria? O corte dele (Weinstein) tinha 88 minutos, com um final no estilo de “A Noviça Rebelde” terminando com uma câmera lenta com Marion e a irmão andando sobre uma montanha em Los Angeles com um voiceover de ‘I made it, I made it” embalado por uma música e tudo mais. O público não ficaria sabendo que não se tratava de uma ideia minha. Você leva a culpa por ser o diretor e roteirista daquilo. Então, eu disse: ‘Bem, eu não vou levar a culpa por isso’.
  • “ou eu mantinha o meu corte e nunca o lançava. E talvez continuaria minha carreira e se tornaria um filme lendária que fiz e ninguém pode ver”.

A decisão acabou sendo pela segunda opção e James Gray pode encerrar “Era uma Vez em Nova York” da maneira que pretendia. No final das contas, o filme arrecadou apenas US$ 2 milhões nas bilheterias americanas, ficou sem indicações ao Oscar, mas, se tornou uma das produções mais elogiadas do diretor pela crítica mundial.