A comemoração de 20 anos do lançamento de “Mera Coincidência” terminou em mal-estar. Apresentador da televisão americana, John Oliver comandou o debate e aproveitou a ocasião para questionar Dustin Hoffman sobre a recente acusação de assédio sexual feita contra ele. O evento contava com as presenças de Robert De Niro, o diretor Barry Levinson e a produtora Jane Rosenthal. As informações são do site The Hollywood Reporter.

Os primeiros 20 minutos do debate ficaram focados no filme e as relações com o atual momento do governo Donald Trump. A situação começou a mudar quando John Oliver trouxe o assunto do assédio sexual na indústria do showbusiness. Barry Levinson tentou amenizar o clima com uma resposta reflexiva sobre a temática, porém, em seguida, Oliver quis ouvir a opinião de Hoffman. Daí em diante, pelos próximos 30 minutos, os dois ficaram trocando farpas em perguntas e respostas.

John Oliver lembrou que o ator escreveu uma carta se desculpando de qualquer ato cometido contra a escritora Anna Graham Hunter. Hoffman rebateu afirmando que foi pressionado por seus assessores a dar aquela resposta e que os fatos narrados pela vítima não correspondem à realidade. O apresentador não ficou convencido e voltou a questionar, colocando que o astro de filmes como “A Primeira Noite de um Homem” e “Perdido na Noite” não apresentou em momento algum elementos que contestassem a acusação.

“Você não estava lá”, retrucou Hoffman, levando uma invertida rápida de Oliver. “Estou feliz de não ter estado lá”, disse, gerando aplausos da plateia. Minutos depois, o ator voltou ao assunto e criticou o apresentador por deixá-lo exposto perante o público presente no evento. “Você me indiciou. Ninguém é culpado até que prove o contrário”, declarou.

Para se defender, Dustin Hoffman buscou contextualizar como eram os sets de filmagens antigamente ao afirmar que, muitas vezes, havia diversas brincadeiras de cunho sexual sem que houvesse intenções ofensivas, voltando a ser criticado pelo apresentador. “Qual resposta você quer?”, se revoltou o ator. “Não parece que você está fazendo reflexão sobre os próprios atos devido à gravidade que o incidente demanda”, afirmou Oliver.

Por fim, o apresentador leu uma mensagem divulgada por Anna, sendo questionado por Hoffman se ele acreditava nas coisas que lia. “Acredito porque acho que ela não tem razão de mentir”, disse Oliver. Durante todo o debate, a plateia se dividiu: enquanto uns protestavam por quererem mais discussões sobre “Mera Coincidência”, outra parte elogiava o apoio de John Oliver à vitima.

Entenda o caso

Em novembro deste ano em artigo para o The Hollywood Reporter, a escritora Anna Graham Hunter acusou Dustin Hoffman de assédio sexual durante as gravações do filme feito para a televisão, “Death of a Salesman”. Segundo ela, no primeiro dia de trabalho, Hoffman pediu uma massagem nos pés para ela. A situação foi piorando ao longo do tempo. “Ele ficava flertando de maneira escancarada, chegou a agarrar minha bunda, falava sobre fazer sexo comigo na minha frente. Em uma determinada manhã, fui até o camarim dele para levar o café da manhã e, na frente de várias pessoas, ele disse para mim: ‘eu vou ter um ovo cozido e um clítoris fervido’. Todo mundo riu. Saí de lá sem palavras. Fui ao banheiro e chorei”, declarou.

De acordo com Hunter, este tipo de tratamento de Hoffman durou as cinco semanas de gravação, sendo tudo detalhado em um diário escrito para a irmã. Ela afirma ter procurado um supervisor da produção para denunciar os casos, mas, ele lhe disse que deveria se “sacrificar” em nome da produção. “Hoje com 49 anos, entendo que o que Dustin Hoffman se enquadra no padrão enfrentado por tantas mulheres na indústria do cinema. Ele era um predador e eu uma criança e isso foi assédio sexual”, afirmou.