Um dos trabalhos mais importantes de Steven Spielberg, Jurassic Park – Parque dos Dinossauros está de volta aos cinemas, numa versão em 3D. Um conselho: assista ao filme. Obra-prima do cinema dos anos 1990 e de todas as épocas, numa cópia tinindo de nova, a fita vale o preço do ingresso, e certamente é um programa mais atraente do que qualquer outro filme sendo exibido agora nos cinemas de Manaus.

Essa fartura de epítomes não é por acaso. Do alto dos meus 25 anos, pude viver na pele o impacto do lançamento original. Um aficcionado por dinossauros na infância, fui levado por meu avô à estreia do filme, que chegou em Manaus na segunda metade de 1993. Lembro como se fosse hoje (perdoem o clichê): diante da primeira e aterradora aparição do icônico Tyranosaurus Rex, pulei gritando da cadeira, e não quis mais saber de encarar as feras (ou o filme) por anos a fio. Esse choque me causaria uma impressão profunda, que acabaria por se transformar em fascínio com o poder das imagens projetadas na tela grande. Ou seja: com esse filme eu “descobri” o cinema, e as emoções que ele é capaz de provocar. E foi com a memória dessa experiência singular que assisti ao filme novamente. Corrigindo: novamente, não. Como, em criança, abandonei o filme na dita cena, essa foi, de fato, a primeira vez que assisti a Jurassic Park, de cabo a rabo, no cinema.

Antes de continuar, vale a ressalva: a transposição das cenas para 3D é sutil e, na maior parte do tempo, imperceptível. O filme, obviamente, não foi feito nesse formato, então não há aquela profusão de respingos na tela, nem as panorâmicas com um pretenso efeito de “profundidade”, que tanto deleitam quem é fã desse recurso. Em vez disso, o espectador pode esperar, no máximo, o salto de um dinossauro na direção da tela, e um ou outro detalhe aqui ou acolá. O que vale, mesmo, é o prazer de ver (ou rever) e descobrir, caso seja a sua primeira vez, toda a inteligência do roteiro de Michael Crichton e David Koepp, o elenco impecável, liderado por Sam Neill (que nunca mais teve uma oportunidade tão boa), Laura Dern (Coração Selvagem, Império dos Sonhos) e Jeff Goldblum (A Mosca), o esplendor dos dinossauros digitais e de acrílico (que marcaram época, e continuam bastante convincentes, mesmo hoje), além das maravilhosas situações de terror e suspense que só Spielberg sabe engendrar – mais uma vez, eu que o diga.

O filme foi o primeiro a ser lançado pelo diretor em 1993 – o segundo seria nada menos que A Lista de Schindler (!), coroando o auge de uma das carreiras mais brilhantes do cinema. Jurassic Park levou 3 Oscars na cerimônia de 1994 (Melhores Efeitos Especiais, Melhor Mixagem e Edição de Som) e já faturou, contando esse relançamento em 3D, acachapantes 969 milhões (!!) de dólares.

Portanto, esteja avisado: um grande filme, com imagem e som de primeira, disponível nos cinemas de Manaus. Por favor, não perca.

Nota: 9,5 (pelo filme em si; a versão em 3D vale um 7,0)

P. S.: ao ver crianças entrando na sessão, fiquei curioso pra saber se as mesmas cenas que me causaram terror em 1993 fariam algum efeito hoje. Para usar uma expressão antiga, qual nada: duas décadas de filmes de ação cada vez mais sangrentos e a TV a cabo tornaram os garotos de hoje muito mais durões do que eu era então. Bom, resta o filme, que é muito… vocês já sabem.