A produtora Red Granite, estúdio por trás do sucesso “O Lobo de Wall Street”, está sendo acusada de desviar mais de US$ 100 milhões de um fundo público da Malásia para a produção do filme, estrelado pro Leonardo DiCaprio e indicado a cinco Oscar em 2014.

Revelado em fevereiro pelo site “Deadline”, o esquema de lavagem de dinheiro está sendo investigado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que apresentou denúncia nesta quarta (20) em uma corte de Los Angeles.

Estão envolvidos nas investigações Riza Aziz e Christopher “Joey” McFarlan, fundadores da Red Granite, o agente e financista malaio Low Taek Jho, um chefe de investimentos do fundo 1MDB (1Malaysia Development Berhad) e até um ator que participou de “O Lobo de Wall Street” em um “papel principal”.

O valor total desviado da estatal estaria na casa de US$ 3 bilhões. Desde o ano passado, o 1MDB está no centro de um grande escândalo de corrupção, que teria participação de políticos, banqueiros e empresários. Segundo o Departamento de Justiça americano, agentes do 1MDB usavam a conta do fundo como “conta pessoal de banco”.

Segundo a acusação, os envolvidos no esquema usaram empresas de fachada para pagar dívidas de jogo em Las Vegas, iates de luxo alugados, um decorador de interiores, além de gastou US$ 35 milhões gastos com uma empresa de jato particular.

O principal foco da investigação é a atuação de Low Taek Jho, conhecido como Jho Lo. Ele é acusado diretamente de lavar mais de US$ 400 milhões desviados de fundos. No final de “O Lobo de Wall Street”, o agente recebe agradecimento especial da produção do longa dirigido por Martin Scorsese.

Criado em 2009 pelo primeiro ministro malaio Najib Razak, o 1MDB tem como objetivo proporcionar bem-estar econômico e social à população malaia. Jho Low foi um de seus idealizadores.

Rede complexa

Em entrevista coletiva realizada nesta quarta (20) em Washington, a procuradora da divisão criminal do Departamento de Justiça dos EUA, Leslie Caldwell, afirmou tratar-se de uma “complexa teia de transações usadas para lavar bilhões de dólares roubados do povo da Malásia”.

Além de empregar o dinheiro para financiar o filme, orçado em cerca de US$ 155 milhões, a Red Granite teria usado desvios do fundo estatal malaio para adquirir imóveis em várias partes do mundo, avaliados em US$ 100 milhões.

De acordo com a Justiça americana, os direitos futuros sobre “O Lobo de Wall Street”, que arrecadou US$ 392 milhões globalmente, estão agora sujeitos a confisco, assim como os bens da Red Granite.

“Nem o 1MDB nem o povo da Malásia viu um centavo de lucro a partir desse filme [“O Lobo de Wall Street”] ou de qualquer um dos outros bens que foram compradoscom dinheiro desviado de fundos.”

Segundo o “Deadline”, que não conseguiu contato com representantes da Red Granite, os escritórios da empresa em Los Angeles amanheceram fechados nesta quarta.

do site UOL