O americano médio já passa mais tempo vendo os filmes e séries da Netflix do que qualquer outro canal tradicional de TV. Ainda assim, o gigante do streaming é bem menos “monetizado” que esses canais, pois gera menos da metade do lucro feito por horas vistas do que os concorrentes.

A conclusão é de um estudo da consultoria RBC Capital Markets. Hoje, o americano gasta quase duas horas por dia (117 minutos) vendo o catálogo da Netflix. É muito mais do que o gasto em canais como Fox (53 minutos diários), CBS (50 minutos), ABC (41 minutos) e NBC (39 minutos).

No ranking dos canais que geram mais lucro de anúncio por hora assistida, no entanto, a Netflix aparece em 19º lugar, com um lucro de 5 centavos por hora vista – muito atrás dos campeões ESPN (US$ 0,35), TNT (US$ 0,26), TBS (US$ 0,24) e até da MTV, que já viu dias melhores (US$ 0,22).

Segundo a consultoria, esse gap de valor indica que a Netflix ainda tem um bom espaço para aumentar o valor de suas assinaturas sem perder clientes, uma vez que eles reconhecem a qualidade e variedade do serviço. Apesar do índice de crescimento de assinantes ter desacelerado nos dois últimos trimestres avaliados, a companhia ainda se mantém num ritmo de crescimento de assinantes, enquanto os canais de TV demonstram há tempos a curva contrária – de queda de espectadores.

Assinantes pagariam mais

O estudo indica que, para o espectador, o Netflix hoje oferece a melhor relação custo-benefício por hora assistida. Se são tomados outros cálculos, porém, a lucratividade da empresa não parece tão baixa. Esquecendo as horas vistas e considerando apenas a lucratividade anual gerada por assinante, a companhia fica em segundo lugar, com US$ 33 por cliente – atrás apenas da HBO, com US$ 44,40.

Como há espaço para aumento dos preços, a Netflix já começou nos EUA a enquadrar todos os seus assinantes num plano padrão de US$ 9,99 mensais, com direito a duas contas de streaming em HD. A mudança afetou uma parcela de antigos assinantes que ainda pagavam US$ 2 mensais pelo pacote – e isso levou a mais cancelamentos do que a empresa calculava num primeiro momento.

Mas pesquisas de intenção de custo no país mostram que a gigante do streamingnão precisa ter tanto medo se quiser elevar seus preços no médio prazo. Enquanto 29,3% dos consumidores dizem que não pagariam mais do que já pagam pelo serviço, 39,1% dizem que aceitariam pagar de US$ 12 a US$ 15, e 21% desembolsariam mais de US$ 16 para ver House of cards, Narcos e Stranger things à vontade. É esperar para saber quais serão so próximos passos da plataforma no quesito bolso, e não apenas na programação.