O papa Francisco se encontrou nesta quarta-feira (30) com Martin Scorsese após uma exibição especial em Roma do novo filme do diretor vencedor do Oscar, “Silence”, sobre missionários jesuítas no Japão do século 17.

O encontro aconteceu quase trinta anos depois de muitos líderes conservadores da igreja terem repudiado seu filme “A Última Tentação de Cristo”, de 1988.

Para o papa argentino, de 79 anos, o encontro também teve um sabor especial. Ele fora um membro da ordem jesuíta e, quando jovem, quis ir ao Japão como missionário, mas foi impedido por motivos de saúde.

De acordo com a Santa Sé, o encontro ocorreu em “clima cordial” e o Papa contou ter lido o livro “Silêncio”, escrito pelo japonês Shusaku Endo, obra que inspirou o filme de Scorsese. O cineasta presenteou o Papa com dois quadros, enquanto Francisco retribuiu com rosários.

Considerado um dos grandes diretores do cinema americano, Scorsese coleciona cenas violentas em sua filmografia, mas teve uma infância um tanto católica, chegando a viver um ano em um “seminário menor”, uma escola de segundo grau para meninos que cogitam o sacerdócio.

Agora, aos 74, ele foi a Roma para exibir “Silence” em primeira mão para mais de 300 padres jesuítas na noite de terça-feira (29) e permaneceu durante uma hora após a projeção para responder perguntas da plateia.

“Ele estava muito envolvido e entusiasmado e realmente impressionou os jesuítas da plateia com a profundidade de sua espiritualidade”, disse o padre James Martin, um jesuíta que prestou consultoria para o roteiro do filme.

“Você não poderia fazer um filme espiritual como este sem ser uma pessoa espiritualizada. Daria a sensação de ser vazio”, disse o padre para Scorsese na ocasião.

Uma segunda exibição foi planejada para uma plateia menor no Vaticano na tarde de quarta-feira (1), mas não ficou claro se Francisco estará presente.

A produção, que deve estrear nos Estados Unidos em dezembro, fala sobre dois missionários jesuítas portugueses que viajam ao Japão pagão no século 17 para procurar seu mentor desaparecido, que rumores afirmam ter renunciado à fé sob tortura.

Ali os dois religiosos enfrentam uma escolha: podem evitar que eles mesmos e convertidos japoneses sejam mortos crucificados, queimados e afogados se pisotearem uma imagem de Jesus conhecida como “fumie”.

* Com informações das agências Reuters e ANSA