A luta das mulheres dentro da indústria do cinema não se resume apenas no processo de realização de um filme seja na frente ou atrás das câmeras. Como comprova estudo realizado pela escola de comunicação e jornalismo USC Annenberg, nos EUA, a crítica também traz barreiras para as profissionais do setor. Isso, entretanto, não impede a resistência e quebra de barreiras para cada vez mais críticas de cinema se destacarem no mercado.

Por isso, o Cine Set perguntou para importantes críticas de cinema em atividade no Brasil quais são as suas principais influências e inspirações de profissionais da área. O resultado você confere abaixo:

A Ana Maria Bahiana foi a primeira crítica mulher que conheci, antes só via homem na função e vê-la deu uma alegria em saber que existiam mulheres também. Depois pela trajetória dela, conhecimento cinematográfico e escrita embasada, mas, ao mesmo tempo, simples que conseguia se comunicar com todos. “Como ver um filme”, livro que ela lançou, também segue esse caminho e é uma boa referência para quem está iniciando a carreira. Por tudo isso, sempre admirei e busquei seguir seu exemplo.

por Amanda Aouad, editora do CinePipocaCult e colunista da Revista CineMagazine 

A Ana Maria Bahiana é jornalista cultural de formação, já escreveu muito sobre música para a Rolling Stone, mas acabou se dedicando ao cinema nas últimas décadas, tendo colaborado com o New York Times e a Vanity Fair. Ana é uma das primeiras jornalistas brasileiras a ter seu espaço na blogosfera e acho admirável como, mesmo não escrevendo mais tantas críticas de filmes, ela segue sendo uma profissional tão relevante, fazendo coberturas e entrevistas que publica em diferentes plataformas, além de muito ativa nas redes sociais – Twitter e Facebook -, a única brasileira integrante da Imprensa Estrangeira em Hollywood. Variou tanto sua atuação no segmento cinematográfico que é, inclusive, integrante do staff que organiza o Globo de Ouro.

por Lorenna Montenegro, integrante do Portal Roma News e membro do Associação de Críticos de Cinema do Pará


Desde que me conheço por gente, meu sonho sempre foi trabalhar com cinema. Sempre busco ler críticas realizadas por mulheres, principalmente por trazer um olhar distinto e na maioria das vezes, muito mais observador do que de um homem. É difícil escolher apenas uma, então por isso fico com as meninas que participam do Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema, como a Isabel Wittmann (do podcast Feito por Elas), Juliana Varella e várias outras mulheres incríveis! Destaco também a importância da Luisa Pécora, do site Mulher no Cinema, que foi uma das inspirações para criar meu documentário para meu TCC sobre a presença feminina no cinema. É muito importante ter espaço para nós mulheres na crítica, ainda mais em uma indústria que é majoritariamente masculina (vide a Abraccine, onde apenas 22,5% são mulheres), e o Elviras busca mostrar e divulgar o trabalho dessas mulheres que escrevem, e MUITO, sobre cinema. A mulher precisa ser representada e valorizada não só nas telas, mas também nas críticas e reportagens de milhares de mulheres pelo mundo!

por Juliana Melguiso, estudante de jornalismo e cinéfila paulista com o sonho de ser crítica de cinema


A Flávia Gasi é doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, além de fundadora e CEO da Ni Game Content e integrante do Garotas Geeks. O que me leva a admirar Flávia é a forma como ela consegue alinhar todas as suas paixões – mitologia, imaginário e comunicação – dentro da crítica cultural, já que seu objeto de análise são as produções voltadas para o público nerd. Mais do que isso: a admiro por criar um link eficaz entre a pesquisa científica e a crítica. Isso auxilia na divulgação cientifica, enriquece o conteúdo e possibilita uma atração maior pelas duas áreas. Grasi é alguém que vale a pena conhecer.

por Pâmela Eurídice, integrante do Cine Set


Bom, a crítica mulher que provavelmente mais me inspirou e que até hoje eu continuo acompanhando é a Isabel Wittmann. Quando conheci o seu trabalho no blog Estante da Sala encontrei muitas publicações analisando o figurino de filmes, o que me motivou a observar melhor alguns aspectos como o próprio figurino e o design de produção. Ao acompanha-la também passei a ouvir o podcast Feito Por Elas por meio do qual eu não apenas conheci mais figuras femininas do cinema, como também tive maior consciência sobre as disparidades presentes no mercado cinematográfico em relação a presença e reconhecimento de profissionais mulheres. Também não posso deixar de citar que, pessoalmente, minha amiga e crítica Pâmela Eurídice e nossas conversas sobre cinema e séries me motivaram, de diferentes formas, a questionar mais as obras que assisto, aprendizado que segue até hoje.

por Rebeca Almeida, integrante do Cine Set


Admiro bastante as mulheres referência no campo acadêmico, que ficam entre a crítica e análise fílmica, como Laura Mulvey, por exemplo. No caso dela, alguns podem até questionar o tratamento com base na psicanálise para o estudo da mulher no cinema, mas, o nível de profundidade das discussões é algo que sempre me chama a atenção.

por Susy Freitas, integrante do Cine Set


Depois das Elviras, eu conheci muitas críticas mulheres que passaram a ser inspiradoras para mim. Mas, eu vou citar a primeira: é a Ivonete Pinto, editora da revista Teorema e que também escreveu por um tempo no Jornal do Comércio de Porto Alegre. Primeiro, porque ela é uma mulher gaúcha – ou seja, eu me identifico – e sempre teve uma visão de cinema que me chamava muito a atenção, um olhar que eu notava (ser) diferenciado dos críticos homens que eu lia na época. Foi a primeira crítica de cinema que eu prestei atenção e comecei a acompanhar o trabalho, sempre lendo na Teorema. Hoje, eu tenho o prazer de dizer que é uma amiga muito querida, que eu aprendo muito com ela e será sempre uma inspiração. Foi a primeira crítica de cinema que eu disse “eu quero ser isso. Eu quero ser crítica de cinema que nem a Ivonete Pinto”.

por Bianca Zasso, editora do site Formiga Elétrica e apresentora do Bia na Toca


Há muitas, mas eu gosto sempre de olhar para quem está mais próxima de mim – no caso, a Susy Freitas. Graças a ela, conheci muitos filmes e autoras que nunca havia assistido, e sempre tenho interesse em saber o que ela pensa sobre filme x ou y, ainda que nossas opiniões não batam. Também tenho que citar as mulheres que fazem parte do Coletivo Elviras, a Manohla Dargis, e, claro, a mestra Pauline Kael, que foi a primeira crítica de cinema mulher da qual ouvi falar.

por Camila Henriques, integrante do Cine Set e editora do G1 Amazonas